O ser humano é uma
criatura sociável que necessita do convívio com outros seres para
desenvolver-se e por em prática os ensinamentos adquiridos. O resultado natural
do amor é o casamento, quando a meta é o relacionamento afetivo, companheiro,
gerador de família e de amizade.
O casamento, segundo a
visão que a Doutrina Espírita nos apresenta é a união de duas pessoas que se
reencontram para se auxiliarem, mutuamente, em busca do progresso e deve ser
baseado no amor, acima de tudo, além do respeito, carinho, amizade, afinidade, cumplicidade
e compromisso.
Como na vida ninguém foi
feito para viver sozinho, até mesmo quando pensamos estar sozinhos, há sempre
um amigo ou irmão ao qual devotamos nossos mais sinceros sentimentos e que no
auxilia com palavras, gestos de carinho...
Na verdade, o enlace
matrimonial é o compromisso de crescimento a dois; Crescimento espiritual,
moral e intelectual, no rumo da perfeição relativa, onde duas pessoas que se
amam e se respeitam seguem juntas o caminho, um amparando o outro, com muita
responsabilidade no compromisso que firmou na espiritualidade.
O casamento representa um
alto estágio de evolução do ser, quando se reveste de respeito e consideração
pelo cônjuge, firmando-se na fidelidade e nos compromissos da camaradagem,
independente do tempo de duração deste casamento.
Para o Espiritismo, o
casamento se concretiza pelo compromisso moral dos cônjuges e é assumido
perante o altar da consciência no Templo do Universo. Naturalmente, o casamento
civil é um dever a ser cumprido pelos espíritas, porque legitima a união
perante as leis vigentes, que asseguram ao homem e à mulher direitos e deveres.
Casar é tarefa para todos
os dias, porquanto somente da comunhão espiritual gradativa e profunda é que
surgirá a integração dos cônjuges.
A família é um importante
reduto para o aprimoramento dos seres, por reunir o ambiente propício para o
aconchego, refúgio e tantos outros adjetivos básicos à vida...
Deus une os seres da forma
mais pura, ou seja, pelo sentimento, de coração para coração. Nesta união
ninguém deve interferir por ciúme, inveja ou qualquer outro tipo de sentimento
negativo.
Quando vemos um casal
feliz, desejamos para nós aquela felicidade e isso é natural. A harmonia existe
porque aquelas almas se completam, qualquer uma delas, ao se relacionar com
outra pessoa, não alcançaria a mesma harmonia e a felicidade teria uma
intensidade menor. Precisamos entender que para termos a felicidade semelhante
a outro casal, não é necessário destruirmos a união do casal, mas tão somente
atingir o mesmo nível de harmonização.
Segundo o autor do texto
original, João Batista Armani, na visão Espírita, o Casamento pode ser
entendido conforme qualificação a seguir:
· Casual: Primeiro encontro de
duas criaturas, para iniciar, pela primeira vez, uma história juntas.
· Provatório: Reencontro de
espíritos de diferentes graus de adiantamento espiritual, que no passado
desentenderam-se e, por isso, voltam a
encarnar para superar as provas a que forem submetidos e progredirem.
· Expiatório: Em vidas anteriores
marido e mulher erraram muito. Reencarnam em novo lar, para corrigir os erros
cometidos, é um casamento de resgate.
· Sacrificial: União de um
espírito um tanto evoluído com outro menos evoluído com o fim de auxiliá-lo a
progredir.
· Afins: Espíritos evoluídos com
sentimentos elevados, que se amam verdadeiramente. Corações afetuosos, juntos
com objetivos supremos para, aliados, adiantarem-se espiritualmente.
Não sabemos em qual
categoria nos achamos, mas não existe o acaso, ninguém se acha sob o mesmo teto
por mera casualidade.
Deus permite, nas
famílias, encarnações de espíritos antipáticos ou estranhos com o duplo fim de
servir de prova a uns e de avanço aos outros. Os bons tem campo de trabalho. Os
maus se melhoram pouco a pouco com os cuidados que recebem; seu caráter se
modifica, os hábitos se melhoram, as antipatias desaparecem.
Além da eliminação das
“arestas” produzidas pela nossa própria inferioridade, a vida em família é
também um ponto de referência que nos ajuda a manter o contato com a realidade.
As pessoas de nosso convívio apontam nossas falhas, para corrigirmos os desvios
de conduta.
Os cônjuges, em sua grande
parte, não percebem que na associação conjugal, uma alma não se funde à outra;
Permanece cada qual com seus gostos e seus desgostos, caminho afora. Casar quer
dizer adaptar-se ou ajustar-se. Casar é ter os mesmos ideais, as mesmas
preocupações, os mesmos sentimentos e as mesmas aspirações e não, ser a mesma
pessoa. Certos momentos, em um relacionamento, aparecem as divergências, comuns
à pessoas diferentes. Mas elas não devem ser encaradas como obstáculos
intransponíveis, mas oportunidades de conversar e esclarecer a conduta a ser
tomada a benefício do casal. Vale sempre lembrar que:
O perdão é o treino da
compreensão. Se procurarmos compreender o familiar sem criticar,
identificaremos seus momentos menos felizes e não nos magoaremos.
A tolerância é o treino da
aceitação. Cada ser humano está numa faixa de evolução. Não podemos exigir mais
do que tem para dar. E ninguém é intrinsecamente mau. As pessoas tendem a
comportar-se da maneira como as vemos. Estar sempre apontando defeitos pode ser
uma maneira de fazê-las crescer, mas identificar pequenas virtudes é a melhor
forma de desenvolvê-las.
A atenção é o treino do
diálogo. Quando os componentes de uma família perdem o gosto pela conversa, a
afetividade logo deixa o lar. É preciso saber ouvir, dar atenção ao que dizem
os familiares e, principalmente, reconhecer que nos momentos de divergência
eles podem estar com a razão.
O respeito é o treino da
educação. É grande o número de lares onde as pessoas discutem, brigam,
xingam-se e até se agridem, gerando uma atmosfera psíquica irrespirável que
torna todos nervosos e infelizes. O problema é falta de autoeducação, a
disciplina das emoções, reconhecendo que sem respeito pelos outros caímos na
agressividade.
A renúncia é o treino da
doação. Há algo de fundamental para nós, sem o que nossa alma definha. Chama-se
amor! Quantos lares estariam ajustados e felizes; quantas separações jamais
seriam cogitadas, se num relacionamento familiar, pais e filhos, marido e
mulher, irmãos e irmãs transmitissem carinho com mais freqüência àqueles que
habitam sob o mesmo teto?
Há muitas maneiras de
manifestar carinho por aqueles que realmente nos são importantes: um bilhete
singelo, a lembrança de uma data, o elogio sincero, o reconhecimento de um
benefício, a saudação alegre, a brincadeira amiga, o prato mais caprichado, o
diálogo fraterno, o toque carinhoso...
Para tanto é preciso que aprendamos a renunciar. Renunciar à imposição
agressiva de nossos desejos; renunciar às reclamações e cobranças ácidas;
renunciar às críticas ferinas; renunciar ao mutismo e a cara amarrada quando
nos contrariam... Renunciar, enfim, a nós mesmos, vendo naqueles que a
sabedoria divina colocou em nosso caminho a gloriosa oportunidade de trabalhar
com Deus na edificação dos corações.
O lar é o laboratório de
experiências nobres em busca de avanços morais e espirituais, onde os seres se
depuram em preparo para realizações mais elevadas nos Domínios do Criador.
Treinemos na família menor, habilitando-nos para o serviço à família maior... A
Humanidade inteira.
Finalizando o texto, não
podemos deixar de lembrar o que Emmanuel nos ensina: A felicidade existe sim,
porém, para usufruí-la no Outro Mundo, precisamos aqui na Terra admitir “que
ninguém pode ser realmente feliz sem fazer a felicidade alheia no caminho que
avança”.
(Com base no texto
original de João Batista Armani – CASAMENTO – Extraído do endereço:
www.portaldoespirito.org.br)
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