Ser médium, de forma
geral, é uma grande dádiva que nos é concedida por Deus, sempre no sentido do
nosso aprimoramento espiritual. O importante, como afirmam os amigos
espirituais, não é ser médium, é ser um bom médium.
Ser um bom médium é,
certamente, estar em sintonia o mais perfeitamente possível com os planos do
Cristo Jesus na ação de redimir e conduzir as pessoas à uma vivência real da
sua existência, que é a de ascender, destruindo a ignorância, mãe da
superstição e crendice, para uma vida em conformidade com o Plano de Deus para
o ser humano, encontrar-se, encontrando Deus em si, para encontrar a felicidade
tão almejada e inata em todos.
Não existe possibilidade
de ser um bom médium se não se adota como regras essenciais de sua vivência
mediúnica o estudo e a disciplina. O conhecimento desmitifica o mediunismo, e
mostra o quão natural é o processo mediúnico; a disciplina facilita o afastamento
do excesso de animismo e assenta o médium na humildade.
Mediunidade não é fenômeno
sobrenatural ou mágico, é o uso natural do aparelho físico do médium, a partir
do consentimento do mesmo, para que juntos possam, médium e guia, espalhar a
palavra de conforto, ensinamento, e de ajuda através das manipulações
energéticas, sempre no sentido de mostrar a grande misericórdia de Deus e a
necessidade de reforma íntima, de aprimoramento moral, para se conquistar a
real paz e alegria, que é a felicidade almejada, mesmo que inconscientemente.
Ora, se oferecemos o nosso aparelho físico para ser usado pelos amigos
desencarnados é preciso que o aparelhemos, para que possa ser hábil e apto às
comunicações dos Guias e Mentores.
Ilusão mentirosa pensar
que o guia faz tudo sozinho, pois a mediunidade psicofônica (incorporação) é
uma mediunidade de efeito intelectual, ou seja, é realizada na intelectualidade
do médium, no uso de seu cérebro físico como receptor, decodificador e
transmissor das mensagens espirituais. Não havendo códigos doutrinários,
evangélicos, racionais formados pelo conhecimento adquirido, o médium será
deficiente na possibilidade de decodificar intelectualmente as mensagens
doutrinárias e evangélicas dos Guias e, pior, em se tratando de médium fantasista
e supersticioso, essas mensagens serão fonadas cheias de deturpações e vícios
supersticiosos de propriedade do medianeiro. Se o trabalho mediúnico é feito a
dois, médium – guia, a contribuição do médium será um fracasso no que concerne
ao plano cristico de esclarecimento e elevação mental e espiritual, através do
mecanismo mediúnico.
Não existe milagre na
mediunidade, mas um evento natural de ligação mental entre o medianeiro e o
irmão espiritual a se comunicar, seja através da palavra, dos gestos ou das
manifestações físicas.
Muitas vezes médiuns
verdadeiros, mas atacados de escrúpulos, o que é outro grande erro prejudicial
ao desenvolvimento mediúnico, nos falam da sua excessiva preocupação com o
famoso e famigerado animismo.
Vejam bem, existe sempre
animismo em qualquer tipo de mediunidade, pois o aparelho que está sendo usado
é o corpo físico do médium, que está“habitado”, ligado ao espírito do mesmo. As
atuações, idéias, etc, do espírito comunicante passam pela vivência, conhecimento
e experiência do médium para chegarem ao mundo físico, portanto sempre haverá
animismo, ou seja, a presença da “anima”, da alma do médium. Esse, como diz
Ramatis, é um animismo sadio, quando o médium é maduro, consciente da sua
responsabilidade e aparelhado com conhecimentos doutrinários e evangélicos que
afastem da sua memória intelectiva as sombras da ignorância, das crendices e
superstições, que podem até fascinar as pessoas sem conhecimento e maturidade
espiritual, mas não ajuda, não eleva, não conduz à libertação, razão da
mediunidade nos Planos do Cristo. Esse seria um animismo pernicioso e ruim.
Voltando a Ramatis,
lembramos o seu ensinamento a respeito da mediunidade sem sombras de
superstições e ilusões. Ele compara a mediunidade a uma xícara que contém café
com leite. O café é o médium, o leite o guia. Ocorre a mistura, o café não é
mais apenas café e o leite não mais apenas o leite, trata-se de café com leite.
Agora, a maior ou menor quantidade de café ou de leite na xícara, que seria o medianeiro,
depende do médium. Da sua seriedade, maturidade, fé, confiança e conhecimentos.
A mediunidade se processa
de forma natural quando, nos momentos competentes e nos lugares certos, o guia
envolve o perispírito do médium com suas energias mentais e emocionais. O
perispírito do médium, como é natural, projeta esse envolvimento ao Duplo
Etérico do medianeiro que, automaticamente, pelas rasuras existentes na sua
tela etérica comunica essas energias mentais e emocionais ao corpo físico desse
médium, mediunizando-o, ou seja, tornando-o medianeiro, instrumento comunicador
das ideias e sentimentos do guia comunicante.
Nada, portanto, de
sobrenatural, apenas o exercício, planejado pela espiritualidade, de trabalho
conjunto pela caridade, para ajudar na ascensão da humanidade.
Outro fator
importantíssimo para a realização da mediunidade com Jesus é a disciplina. Os
guias são espíritos que estão inseridos num processo evolutivo já consciente e
irmanados à vivência espiritual da busca de Deus. São profundamente
disciplinados, pois a ordem e o respeito são fatores preponderantes ao bom
andamento evolutivo, que afasta a interferência das sombras, onde habitam
espíritos indisciplinados, motivados pela ignorância. Sempre digo que quando há
movimentos de indisciplina, desrespeito à hierarquia e à filosofia da Casa onde
médium-guia trabalham, não se trata do espírito comunicante e sim da
interferência do médium.
Guia não invade o livre
arbítrio do médium, não cria desordens, não atrapalha a evolução dos seus
aconselhados, não perde tempo com futilidades, mas aproveita todas as
oportunidades, quando presentes na mediunidade do encarnado, para doutrinar,
ensinar e evangelizar. Creio ser esse o sintoma prático de uma boa
incorporação.
Diz o Pai Tomé que
“Umbanda não é teatro e terreiro não é tablado para apresentação de irmãos
carentes, desavisados e vaidosos”. Daí a necessidade da disciplina num Templo
Umbandista. Disciplina que ensina, que ordena e organiza o trabalho religioso
de um Templo, que deve ser Igreja onde se ora, Escola onde se ensina e Hospital
onde se trata. Como existir essa bela realidade sem disciplina que organiza e
favorece a organização de uma Casa dedicada ao trabalho de caridade com Jesus?
Gosto da frase de André Luiz quando diz: Caridade sem disciplina é perda de
tempo.
Médium que não aceita ou
não quer se adaptar à disciplina do seu Templo, não está buscando
espiritualidade e o intercâmbio sadio com o plano espiritual, mas sim preencher
seus problemas carências e emocionais com a “religião” que satisfaça aos seus
desejos e caprichos. Trata-se de mais uma máscara do ego, que só plantará mais
o indivíduo na superficialidade e sentimentalismo vazio. E isso não é
mediunidade com Jesus.
A mediunidade será sempre
uma oportunidade dada pela misericórdia divina para que reconquistemos
oportunidades perdidas em encarnações passadas, ressarcindo as dívidas
contraídas com a Lei Universal pela nossa inércia e preguiça de caminhar com
Jesus, nos caminhos da evolução espiritual. Quantos médiuns continuam a se
perderem nos emaranhados da vaidade, do orgulho e da ignorância, pulando de
Templo em Templo, sem se estabilizarem em nenhum e sempre culpando esses
Templos sem se darem a oportunidade de, humildemente, enxergarem a sua vaidade
e orgulho, quando não sua preguiça em se lançar na labuta do estudo, da
disciplina e do trabalho. Lembremo-nos que: “Tolo é aquele que naufragou seus
navios duas vezes e continua culpando o mar” (Publio Siro)
Emmanuel dizia a Chico ser
necessário para trabalhar com ele de disciplina, disciplina e disciplina. Pai
Ventania diz ser necessário para trabalhar com ele de austeridade, austeridade
e austeridade.
Ele entende austeridade
como seriedade no comportamento que implica em respeito e acatamento aos
preceitos disciplinares contidos no Regimento Interno, respeito e acatamento à
hierarquia constituída, respeito e acatamento ao ambiente que deve ser marcado
pela religiosidade e fé, na busca da interioridade e crescimento espiritual.
Ele sempre nos alerta dizendo que:
“Todas as atividades num
Templo que tenha a marca da espiritualidade, inclusive na Umbanda, devem ser
realizadas no espírito de silêncio, seriedade, austeridade, prece e reflexão.
Em todos os aposentos de
um Templo Umbandista os médiuns de sua corrente devem agir com esse mesmo
espírito, não transformando o hospital, escola e igreja, que deve ser todo o
ambiente do Templo, num lugar de conversas, exterioridades e conchavos.
Não transforme nunca o seu
Templo num clube de amigos ou local de encontros, na ânsia insana de saciar a
carência, ainda imatura, de aceitação e afetividade, o que, sem dúvida,
acarretará, mais cedo ou mais tarde, fofocas e conversas fúteis, fáceis de serem
aproveitadas pelos irmãos das sombras na sua ânsia de destruir as casas sérias
e comprometidas com Jesus e a Alta Espiritualidade.
Cada médium, partícipe da
corrente do Templo, deve agir de forma correta em sua posição e comportamento,
e assim exigir de seus companheiros comportamento adequado à seriedade e
crescimento espiritual que a espiritualidade exige.
Sejam, meus filhos,
médiuns austeros e idealistas na construção e conservação do seu Templo
espírita, que só será real e concreto se estiver plantado na disciplina, no
estudo e no trabalho.
Você é responsável pelo
Templo em que militas e, não se esqueça, responderá ante a Lei pela sua atuação
e comprometimento com tudo aquilo que fuja do ideal de verdadeira fé, segurança
e caridade.
O Templo pertence a Jesus
e à Espiritualidade, e devemos estar nele respeitando os seus verdadeiros donos
e agindo de acordo com suas orientações de disciplina, piedade, oração e
trabalho. (Cab. Ventania de Aruanda)
O trabalho do médium é
marcado pelo amor. Esse amor, para ser real, se expressa através da humildade,
esforço e confiança no chamado para o exercício mediúnico e nunca por meio de
sentimentalismos e superficialidades de quem ouve, aceita mas, na hora da
prática burla essa disciplina ou age como se a mesma não fosse para ele, parece
que dá uma amnésia irresponsável que, com certeza vai repercutir no todo, pois
somos elos de uma mesma corrente.
O importante não é só
aprender, mas utilizar os conhecimentos para lhe fornecer segurança. Não
adianta o Templo oferecer cursos e aprendizados, os dirigentes se esforçarem
para esclarecer e apontar o caminho da austeridade e disciplina templária, se o
médium não se liberta da sua insegurança e vivências passadas de superstições,
crendices, vaidades e superficialidades. Diz um ditado conhecido que Deus não
chama os capazes, mas capacita aqueles que chama, quando se deixam capacitar.
O Templo oferece
conhecimento, oportunidade de exercitar a disciplina, de ter um desenvolvimento
mediúnico sadio e desprovido de fantasias, mas se o médium não se deixa
capacitar, ouve, mas não transforma em sabedoria esse conhecimento, no
exercício de suas atividades no Templo, é inútil, continuará na imaturidade
religiosa e, portanto, num exercício mediúnico não sadio. Esse médium não
contribuirá para somar na Corrente em que se encontra e diz Pai Ventania que
médiuns sem maturidade, ainda infantis na sua vivência religiosa e mediúnica,
não serve para trabalhar com ele, na missão que tem na construção do Templo do
Cruzeiro da Luz.
Não, mediunidade não
assusta, somente aos fracos, e como sabemos, a felicidade não pertence aos
fracos e covardes. E, infelizmente, quantos se apresentam como fortes e
desejosos de aprender e construir, mas que fica na superficialidade do
aprendizado, não criando raízes profundas de humildade e serviço. Vivem dizendo
que estão felizes e carregam profunda tristeza e sofrimento em seus interiores.
Vivem de fachada, de exterioridades.
Pertencer a um Templo
Espírita é assumir, com o coração e a vida, a filosofia, a disciplina e o
trabalho da Casa. É triste para o Dirigente de um grupo espiritualista quando
ele se esforça, ensina, se doa, oferece seu tempo e amor no trabalho de fazer
crescer os médiuns da sua casa em religiosidade, disciplina e serviço, e
observa que determinados médiuns, embora estudem e ouçam, se mantêm na
superficialidade deslizando na disciplina, na humildade, agindo de forma
independente da vibração harmoniosa da Corrente.
Se o médium não entendeu,
depois do Aspirantado, do período entre a Vinculação à Corrente até a
Vinculação de Exu, que as normas do Templo visam a unificação, à concretização
dos rituais da Umbanda, à vivência da religiosidade, é sinal que ainda está com
excesso de máscaras do ego e fechou a brecha da humildade, através da qual poderá
penetrar a luz do verdadeiro conhecimento e prática de intercâmbio mediúnico
sadio.
Se existe uma hierarquia,
que são aqueles que receberam “ordens e comando” do Guia Chefe do Templo para
manter a espiritualidade e a disciplina em alta, é porque assim é na Umbanda.
Desde o Sacerdote Dirigente até os Pais, Mães Pequenos, Ogãs e Ekedis, são
instrumentos nas mãos da Espiritualidade do Templo a serviço da seriedade, amor
real e religiosidade do mesmo. E, a esses irmãos que são cobrados pelo Plano
Espiritual, doam seu tempo, energia e amor a serviço de seus irmãos, deve haver
total respeito e acatamento, como centro de unificação e sacralização da
religião, como representantes da espiritualidade responsável pelo Templo.
Eles não são Pais e Mães
apenas dentro do Templo, mas em qualquer lugar em que estejam, sempre
salvando-se o discernimento e respeito aos ambientes em que estivermos. Pois o
médium não é apenas umbandista no Templo e não são membros da Corrente, ou
seja, da egrégora do Cruzeiro da Luz, apenas no Templo, mas em qualquer lugar
em que estiverem. Após a Vinculação, uma marca espiritual é impressa no médium.
Onde estiver é vista pelo Plano Espiritual como membro dos Cavaleiros da Luz,
pertencentes ao Cruzeiro da Luz.
O médium que se sente
diminuído, ou que pela sua vaidade e escrúpulo, não toma a bênção aos Pais e
Mães em qualquer lugar em que os encontre, com segurança e carinho,
demonstrando seu respeito, amor e fidelidade à Corrente do Templo a que
pertence, ainda está na superficialidade da sua vivência religiosa,
principalmente como membro do Cruzeiro da Luz. Tomar a bênção denota, com
certeza, sua integração real e comprometimento destemido com o trabalho da
Umbanda e do Cruzeiro da Luz. Dizem os Mentores que na bênção dada pelos
membros com “ordens e comandos”, existe “a eles a responsabilidade de abençoar
e a quem pede o benefício de ser abençoado”, pois quando eles abençoam, têm o
aval da espiritualidade superior da casa e, portanto, apenas canalizam para nós
a benção dos Irmãos Espirituais Superiores.
Para mim é triste quando
detecto médiuns do Cruzeiro da Luze encontrarem seus irmãos com cargo no seu
Templo e se esquivarem de tomar a bênção, especialmente quando sinto a ponta da
vaidade, do escrúpulo e da falta de fé na realidade ritualística e religiosa da
Umbanda. Principalmente quando sei e acontece que membros de outros Templos ao
nos encontrarem, em qualquer lugar, seja pela internet ou na rua, logo tomam a
bênção, pois sabem da importância canalizadora de energia e do ritual
preceituado no Movimento Umbandista. Para mim, médiuns que agem desse jeito,
estão atrasando sua caminhada de serviço mediúnico e, pior, deixando que a
vaidade e a superficialidade fale mais alto que o aprofundamento e vivência
religiosa real e concreta.
Porque mediunidade é
exercício religioso de doação, amor e vida. É fácil de vivenciá-la, quando o
irmão chamado a exercê-la se mune de intrepidez, humildade e comprometimento
fiel. Intrepidez para enfrentar os percalços naturais, as renúncias e a abnegação
que faz desse exercício uma atividade sagrada, é o sacro ofício = sacrifício.
Humildade para aceitar a
disciplina, as correções necessárias e as atividades ritualísticas de sua Casa
de Trabalho. Amando-a e assumindo-a como parte de sua vida.
Comprometimento para
assumir, como sua família espiritual, a Corrente a que pertence. A fidelidade
ao Guia Chefe, ao Sacerdote-Dirigente, à Corrente composta de seus irmãos de
trabalho espiritual só será realidade a partir da maturidade do médium, que se
comprometerá com a mente, o coração e a vida a esse trabalho no Templo
Umbandista que o acolhe, ensina e forma para uma vida religiosa e mediúnica
sadia.
Comprometimento para
trabalhar a sua mediunidade com uma única razão, que é a razão pela qual os
guias abnegadamente assumem as formas perispirituais no movimento umbandista
(Caboclos, Pretos Velhos, Crianças e Exus), que é a de crescer, ajudando seus
irmãos a crescerem espiritualmente, sendo assistidos pela misericórdia de Deus,
no tratamento de suas dores e problemas.
Sim, ser médium na Umbanda
é maravilhoso, é gratificante, só é necessário que entendamos que ela é uma
religião disciplinada e ritualística, que é preciso ser compreendida, vivida e
amada no Templo a que pertençamos. Diz o Caboclo das Sete Encruzilhadas que
“A Umbanda é uma árvore
frondosa, que está sempre a dar frutos a quem souber e merecer colhê-los”.
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