A questão 895 de O Livro
dos Espíritos, no capítulo que trata da Perfeição Moral, Allan Kardec indaga:
"Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode
equivocar, qual o sinal mais característico da imperfeição?" Ao que os
Espíritos Superiores respondem: "O interesse pessoal. (...) O apego às
coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais
se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino.
Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado
o futuro."
Dependendo do ponto de
vista que tem a respeito da própria vida, o homem pode tomar atitudes diversas:
se tem dúvidas com relação à sua condição de Espírito imortal, que continuará a
existir e a progredir depois da morte do corpo físico, ele se apega aos valores
materiais, que são temporários; se, ao contrário, está convicto da sua
imortalidade, ele administrará os bens materiais como quem está com a
responsabilidade de cuidar de algo por tempo determinado, findo o qual deixará
na matéria o que é da matéria, prestando contas da sua administração, e
conquistando valores espirituais, estes sim permanentes, que decorrem do
respeito e do amor ao próximo que pratica.
O excessivo apego às
coisas materiais leva o homem ao cultivo do orgulho e do egoísmo e, por
conseqüência, a toda desagregação social que ambos provocam. E quando isto
ocorre, esse homem busca, inquieto, soluções as mais diversas, apelando para
reformas sociais, reformas econômicas ou reformas políticas, muito válidas, sem
dúvida, mas que por si não são suficientes para eliminar suas angústias.
Uma única reforma, se faz
necessária, que está na base de todas as demais: é a reforma moral do ser
humano, a qual consiste em substituir o orgulho pela humildade e o egoísmo pela
fraternidade. Esta reforma será sempre mais consistente quanto mais convicto
estiver o ser humano de sua imortalidade.
Com esta transformação
moral constrói-se uma paz duradoura para toda a Humanidade, evita-se a guerra
entre seres e nações, elimina-se a miséria e a ignorância no mundo e
distribuem-se com equanimidade os valores econômicos entre todos os seus
habitantes. Isto porque não se pode pretender uma sociedade justa constituída
por seres injustos, nem, tampouco, uma sociedade fraterna e solidária
constituída por seres violentos.
Analisando as
conseqüências decorrentes da convicção que a Doutrina Espírita nos traz – de
que somos Espíritos imortais em constante processo de evolução; já existíamos
antes de nascer e vamos continuar a existir depois da morte do corpo físico;
temos um claro objetivo a alcançar que é o nosso aprimoramento intelectual e
moral, como Espírito encarnado ou desencarnado –, Allan Kardec não teve dúvidas
em afirmar: "O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de
amor e de caridade, na sua maior pureza." (O Livro dos Espíritos, q. 918;
O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3.)
E Jesus, depois de nos
alertar para não andarmos muito cuidadosos com as coisas da matéria, já nos
ensinava no seu Evangelho: "Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua
Justiça e todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo." (Mateus,
6:33.)
Fonte: Revista Reformador
Out/05
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