Ah! A Oitava Lágrima.
A oitava lágrima eu vi
rolar dos olhos do Caboclo de Aruanda. E então, perguntei: E essa lágrima, meu
pai, o que significa?
Ele então me respondeu com
a voz embargada e cheia de pesar:
“Essa lágrima, meu filho,
é a mesma que desceu dos olhos do Cristo quando encontrou o querido Lázaro no túmulo.
Ela desce queimando minha
face, como o sangue que desceu lá no Calvário, da cabeça divina coroada de espinhos.
Essa lágrima representa a
dor e a tristeza que invade os corações de todos os Caboclos de Aruanda.
A dor em ver tantos filhos
de fé retribuindo com ingratidões todos os favores a eles dispensados. Em
receber em troca do amor que lhes dou, muitas flechadas embebidas no fel da
discórdia e da descrença.
Representa o sofrimento em
receber nas mãos os cravos da injúria daqueles que, negando a mensagem de Jesus,
levantam falsas palavras contra o meu carinho e afago.
É a lágrima que ofereço
aos filhos que me abandonam na jornada e na difícil tarefa de apascentar as
ovelhas perdidas do Senhor.
É a lágrima que jorra todos
os dias em favor dos médiuns que não aplicam seus corações nos ensinamentos que
o Pai determina que eu lhes dê.
Entrego em favor dos
filhos que vêm para esse pequeno paraíso, a Tenda de Umbanda, com os corações e
as mentes cheios de espinhos e abrolhos que a terra seca produz.
Aos que, cegos, não
conseguem ver a beleza e a pureza que, dia após dia, permito que vejam dentro
do Congá o qual purifico e perfumo com as essências da caridade e do perdão.
Desce, porque sinto o peso
da cruz do Nazareno e não encontro nenhum Simão para me ajudar a levantar da terra
e a continuar firme em direção ao alvo que Deus, nosso Pai, quer levar a todos.
Enxuga-me os olhos, filho.
E me presenteie com o seu
amor”.
(Mensagem transmitida na
Casa de Caridade Santo Antônio de Pádua (Guarapari/ES) durante a Sessão de
Educação Mediúnica em complemento ao já famoso texto “As Sete Lágrimas de um
Pai Preto”)
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