quarta-feira, 6 de novembro de 2013

FILHO MEU !





QUANDO, nas horas de íntimo desgosto, o desalento te invadir a alma e as lágrimas te aflorarem aos olhos, busca-me: eu sou aquele que sabe sufocar-te o pranto e estancar-te as lágrimas;

QUANDO te julgares incompreendido dos que te circundam e vires que, em torno, a indiferença recrudesce, acerca-te de mim: eu sou a luz, sob cujos raios se aclaram a pureza de tuas intenções e a nobreza de teus sentimentos;

QUANDO se te extinguir o ânimo para arrostares as vicissitudes da vida e te achares na iminência de desfalecer, chama-me: eu sou a força capaz de remover-te as pedras dos caminhos e sobrepor-te às adversidades do mundo;

QUANDO, inclementes, te açoitarem os vendavais da sorte e já não souberes onde reclinar a cabeça corre para junto de mim: eu sou o refúgio, em cujo seio encontrarás guarida para o teu corpo e tranquilidade para o teu espírito;

QUANDO te faltar a calma, nos momentos de maior aflição, e te considerares incapaz de conservar a serenidade de espírito, invoca-me: eu sou a paciência, que te faz vencer os transes mais dolorosos e triunfar das  situações mais difíceis;

QUANDO te debateres nos paroxismos da dor e tiveres a alma ulcerada pelos abrolhos dos caminhos, grita por mim: eu sou o bálsamo que te cicatriza as chagas e te minora os padecimentos;

QUANDO o mundo te iludir com suas promessas falazes e perceberes que já ninguém pode inspirar-te confiança, vem a mim: eu sou a sinceridade, que sabe corresponder à franqueza de tuas atitudes e à nobreza de teus ideais;

QUANDO a tristeza e a melancolia te povoarem o coração e tudo te causar aborrecimento, clama por mim : eu sou a alegria, que te insufla um alento novo e te faz conhecer os encantos de teu mundo interior ;

QUANDO, um a um, te fenecerem os ideais mais belos e te sentires no auge do desespero, apela para mim : eu sou a esperança, que te robustece a fé e te acalenta os sonhos;

QUANDO a impiedade recusar-se a relevar-te as faltas e experimentares a dureza do coração humano, procura-me: eu sou o perdão, que te levanta o  ânimo e promove a reabilitação de teu espírito;

QUANDO duvidares de tudo, até de tuas próprias convicções, e o cepticismo te avassalar a alma, recorre a mim: eu sou a crença, que te inunda de luz o  entendimento e te habilita para a conquista da Felicidade;

QUANDO já não provares a sublimidade de uma afeição terna e sincera e te desiludires do sentimento de teu semelhante, aproxima-te de mim: eu sou a renúncia, que te ensina a olvidar a ingratidão dos homens e a esquecer a incompreensão do mundo.

E QUANDO, enfim, quiseres saber quem sou, pergunta ao riacho que murmura e ao pássaro que canta, à flor que desabrocha e à estrela que cintila, ao moço que espera e ao velho que recorda. Eu sou a dinâmica da vida e a harmonia da Natureza: chamo-me amor, o remédio para todos os males que te atormentam o espírito.

Estende-me, pois, a tua mão, ó alma filha de minha alma, que eu te conduzirei, numa sequência de êxtases e deslumbramentos, às serenas mansões do Infinito, sob a luz brilhante da Eternidade.












Rubens C. Romanelli
Do livro "Primado do Espírito"
(Jornal Mundo Espírita de Agosto de 1998)

Texto Colaboração  Ademilde Silveira

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