Quem nunca se viu as
voltas em dúvidas sobre situações que remetem a experiências espirituais?
Sonhos inusitados com cores e tons diferentes dos habituais onde reencontramos
pessoas especiais que já fizeram o trajeto de volta ao mundo espiritual ou
mesmo com pessoas desconhecidas que intrigaram nossa imaginação...sonhos
históricos, onde vivenciamos episódios inusitados e detalhados de outras
realidades que fogem à nossa...
O inesperado muitas vezes
vem no momento de vigília, naquele relance de visão de algo que passou e parece
ter deixado um rastro de luz, um cheiro gostoso no ar, um frio gelado apesar
das janelas estarem fechadas.
Encontrar aquela pessoa
que não vemos há anos e sobre a qual falamos no dia anterior ou acabamos de
pensar, também sacode nosso imaginário ou nossa curiosidade.
Decifrar algo que não está
catalogado no Google, nem tem o respaldo de nenhum meio científico, sempre nos
cataloga na categoria de meros crédulos leigos e supersticiosos.
Mas, nesta balança onde de
um lado pende a matéria e do outro o espírito, usar o contrapeso da razão é
sempre prudente, mesmo que esta racionalidade nos empurre para caminhos não
convencionais.
O primeiro dever de casa é
o de derrubar as paredes que construímos com tijolos frágeis da credulidade e
substituí-los por alicerces que venham ao encontro de nossa inteligência, que
apesar de limitada pela vastidão do desconhecido, ainda é o norte saudável da
nossa condição humana.
Sabemos que nossa mente é
poderosa, mas não temos dons ou superpoderes, podemos sim, condensar vivências,
desejos, conhecimentos esquecidos em nosso inconsciente e tudo isto pode ser
revertido em sonhos inusitados, editados por nossa mente tão criativa quanto a
daquele carnavalesco da Unidos da Tijuca. E tal qual o público de uma escola de
samba, nos surpreendemos com as criações formidáveis deste carnavalesco
emocional chamado mente, que tantas vezes converte nossos desejos ou nossos
medos em fantasias, sonhos, visões tão reais que as dúvidas quanto a sua
autenticidade ou realidade seriam pecado (se pecados existissem e também não
fossem fruto de nossas fantasias e temores).
Ahhh! Mas nem todas as
peças podem ser creditadas ao cérebro! Inocente tantas vezes quando o real
culpado é o vento que trás cheiros familiares ou inusitados. O vento, este
culpado que corre rápido levando consigo as provas do crime, carregando-as como
as trouxe, silencioso e transparente.
Nossa mente, o vento...e
onde fica o fenômeno espiritual? A verdade do Espiritismo? Aquela que nos diz
que o mundo espiritual está aqui do nosso lado, tal qual uma dimensão que não
enxergamos por não termos todos, enquanto encarnado, o sentido necessário à sua
percepção? A que nos informa que os homens desencarnados deslizam ao nosso
redor, arraigados às suas paixões carnais? Aquela que nos vislumbra que os
espíritos podem sussurrar aos nossos ouvidos seus conselhos e verdades
condizentes com seus graus de evolução? A que nos quase surpreende quando
informa que os eles podem se fazer visíveis se necessário, mesmo que nossos
olhos não tenham sido preparados para ver ou nossos ouvidos para ouvir,
avançando pelas fronteiras da nossa ignorância.
Frágil, insegura,
subversível é a linha que separa o real do imaginário. Sim, porque não tenha
dúvida de que o mundo espiritual é real e que as orientações fundamentadas na
Doutrina Espírita são autênticas e apoiadas na fé racionada, fé esta que clama
à nossa razão a cada vez que duvidamos, que oscilamos nossas incertezas na
balança onde oscila a crendice cega e a realidade, realidade não menos maravilhosa
e espetacular, pois nos permite experienciar o espetáculo de estarmos espíritos
encarnados, “evoluintes”, fazedores de nós mesmos e de nosso amanhã infinito.
Sopra por aqui um vento
silencioso que trás cheiro de chuva, enquanto um sol tórrido queima as telas na
parede... Um olhar curioso se debruça sobre a janela e o fenômeno se revela no
jardineiro do prédio ao lado, molhando o jardim. É o verdadeiro espírito do
vento. E a fé continua queimando do lado de dentro, fortificada pela verdade,
sempre...
Por Riviane Damásio
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