Vivemos em uma sociedade
tecnológica onde o ruído predomina sobre o silêncio. Desde a Revolução
Industrial, vimos assistindo à um aumento gradativo dos níveis das mais
diversas interferências em nosso meio ambiente. Se no início os sons das
máquinas a vapor, dos primeiros
automóveis e das sirenes das fábricas conduziam o homem à um novo estágio de
adequação mental, assistimos hoje a reverberação desses sons sob a forma de
informações múltiplas transmitidas pelos tantos meios que nos ligam ao mundo e
aos demais seres (tablets, smartphones, mídias sociais, redes de tv…).
Tornando-nos agentes desse processo, incorporando-nos à grande legião de homens
e mulheres produtores de ruídos. O resultado disso é um emaranhado de
formas-pensamentos-emoções que se solidificam no imaginário das pessoas de modo
a provocar alguns descompassos, elevando os níveis de ansiedade ou causando um
cansaço inexplicável que pode levar a estágios depressivos.
O descompasso parece estar
vinculado a uma forma de compreensão sobre o valor do silêncio. Quando paramos
para escutar uma sinfonia de Mozart, podemos nos encantar com a força de um
tema. E assim ficamos enlevados, extasiados tocados pelo abstrato dos acordes.
A beleza da música esta na maneira que intercala as notas. Assim como a sombra
completa a luz, também o silêncio é o
complemento do som. Quando passamos a valorizar somente o efeito sonoro (que
elevado ao excesso pode ser tornar ruido), deixamos de lado o alento
fortalecedor daquilo que o anima, ou seja, a sua ausência, aquele intervalo
entre uma nota e outra, às vezes imperceptível, noutras quase um desafio. O
mesmo se aplica ao mundo das informações, notícias e possibilidades de
compartilhamentos que hoje as mídias nos proporcionam. De tanto querer se
mostrar e ser visto, ele se torna surdo, não ouvindo o outro, e não se
permitindo ouvir em seu anseio mais puro.
O ritmo desenfreado dos
nossos dias fornecem em si o próprio remédio. Cada vez mais pessoas parecem
estar se voltando para uma revalorização da natureza (ao menos no nível do
desejo). É importante verificar que há uma diferença entre o silêncio e o
desejo do silêncio. Enquanto aquele é o resultado do processo interior de
conhecimento e de concentração no momento presente, este é justamente a
projeção daquilo que se anseia como ideal de silêncio, aquilo que venha calar
as pulsações que oprimem e angustiam. Se vivemos em um ambiente com muito ruído,
o próprio corpo anseia por seu oposto. quando percebemos isso, temos a chance
de iniciar a busca pelo silêncio. De início é a força do desejo que nos
move.quando conseguimos deixar que o silêncio flua, aí sim, estaremos dentro da força de realização do
prazer de estar bem consigo mesmo, independente de a nossa volta estar rolando um funk no último volume ou apenas o farfalhar dos
ventos nas folhas das árvores.. Se seu silêncio é de paz tudo que se movimenta
ao redor não causa pertubação.
O cultivo do silêncio
interior é um caminho de cura. è ouvindo os intervalo entre o que somos e o que
está a nossa volta, que podemos perceber a melodia de nossas vidas nos
convidando a viver o momento presente.
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