sábado, 16 de maio de 2015

O SILÊNCIO COMO PROCESSO DE CURA






Vivemos em uma sociedade tecnológica onde o ruído predomina sobre o silêncio. Desde a Revolução Industrial, vimos assistindo à um aumento gradativo dos níveis das mais diversas interferências em nosso meio ambiente. Se no início os sons das máquinas a vapor,  dos primeiros automóveis e das sirenes das fábricas conduziam o homem à um novo estágio de adequação mental, assistimos hoje a reverberação desses sons sob a forma de informações múltiplas transmitidas pelos tantos meios que nos ligam ao mundo e aos demais seres (tablets, smartphones, mídias sociais, redes de tv…). Tornando-nos agentes desse processo, incorporando-nos à grande legião de homens e mulheres produtores de ruídos. O resultado disso é um emaranhado de formas-pensamentos-emoções que se solidificam no imaginário das pessoas de modo a provocar alguns descompassos, elevando os níveis de ansiedade ou causando um cansaço inexplicável que pode levar a estágios depressivos.



O descompasso parece estar vinculado a uma forma de compreensão sobre o valor do silêncio. Quando paramos para escutar uma sinfonia de Mozart, podemos nos encantar com a força de um tema. E assim ficamos enlevados, extasiados tocados pelo abstrato dos acordes. A beleza da música esta na maneira que intercala as notas. Assim como a sombra completa a luz,  também o silêncio é o complemento do som. Quando passamos a valorizar somente o efeito sonoro (que elevado ao excesso pode ser tornar ruido), deixamos de lado o alento fortalecedor daquilo que o anima, ou seja, a sua ausência, aquele intervalo entre uma nota e outra, às vezes imperceptível, noutras quase um desafio. O mesmo se aplica ao mundo das informações, notícias e possibilidades de compartilhamentos que hoje as mídias nos proporcionam. De tanto querer se mostrar e ser visto, ele se torna surdo, não ouvindo o outro, e não se permitindo ouvir em seu anseio mais puro.



O ritmo desenfreado dos nossos dias fornecem em si o próprio remédio. Cada vez mais pessoas parecem estar se voltando para uma revalorização da natureza (ao menos no nível do desejo). É importante verificar que há uma diferença entre o silêncio e o desejo do silêncio. Enquanto aquele é o resultado do processo interior de conhecimento e de concentração no momento presente, este é justamente a projeção daquilo que se anseia como ideal de silêncio, aquilo que venha calar as pulsações que oprimem e angustiam. Se vivemos em um ambiente com muito ruído, o próprio corpo anseia por seu oposto. quando percebemos isso, temos a chance de iniciar a busca pelo silêncio. De início é a força do desejo que nos move.quando conseguimos deixar que o silêncio flua, aí sim,  estaremos dentro da força de realização do prazer de estar bem consigo mesmo, independente de a nossa volta  estar rolando um funk  no último volume ou apenas o farfalhar dos ventos nas folhas das árvores.. Se seu silêncio é de paz tudo que se movimenta ao redor não causa pertubação.




O cultivo do silêncio interior é um caminho de cura. è ouvindo os intervalo entre o que somos e o que está a nossa volta, que podemos perceber a melodia de nossas vidas nos convidando a viver o momento presente.
















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