Há os que não creem na
influência ancestral nas várias manifestações humanas, sejam elas sociais,
culturais ou religiosas...
Mas é inevitável, e ainda
mais no caso específico da Umbanda, religião nascida e fundamentada em solo brasileiro,
pátria da miscigenação de raças em sua formação, que isso aconteça. Portanto é
impossível negar a influência indígena, tanto quanto a dos negros africanos e
do branco europeu. E mais ainda, pois, se observarmos a Umbanda do PONTO DE
VISTA DA ESPIRITUALIDADE, veremos que ela possui uma história milenar, pois
está referenciada em diversas culturas religiosas, também milenares. Assim,
encontraremos na Umbanda influências das mais diversas, pois na Espiritualidade
NÃO EXISTE PRECONCEITO DE RAÇA, COR, CULTURA OU CREDO. Para os abnegados
Espíritos que militam na seara umbandista, as palavras de ordem são “HUMILDADE
E CARIDADE”,não importa sob qual roupagem fluídica se apresentem.
É certo que herdamos, na
constituição da Religião de Umbanda (e assim já foi no momento de sua fundação,
pois manifestou-se a princípio um “Caboclo”, e, no dia seguinte, na data inaugural, o “Preto-Velho” Pai Antonio), elementos dos cultos aqui
desenvolvidos pelos nativos indígenas e também dos negros que aqui aportaram
como escravos, trazendo de suas longínquas terras africanas conhecimentos
culturais e religiosos de diversas nações. Essa influência ancestral é chamada
de “ATAVISMO”, que é o conjunto de valores morais, físicos e culturais que cada
nação possui, e que fora, herdados de gerações anteriores.
Desde tempos muito antigos
somos orientados e auxiliados pela Espiritualidade Superior. Diferentes
espécies que surgiram antes do homo sapiens (o ser humano atual) deram sua
contribuição biológica até o aparecimento do humano como único membro dessa
ancestralidade. Com o advento da agricultura e a estruturação tribal e cultural
(religião, hierarquia e clãs), o ser humano passou a concentrar melhor sua
ligação com o invisível desconhecido. As ervas naturais utilizadas como
remédios e as previsões do Xamã foram as técnicas iniciais para trazer os
“mortos” ao mundo dos vivos. Muitos ao partir, continuaram a cuidar dos animais
e plantas, outros dos minerais e das águas, como guardiães da ordem e do equilíbrio.
Frequentemente eram trazidos pelo pajés – os rituais e o xamanismo politeístas
das etnias africanas e ameríndias – e encontraram seu paralelo na busca da
resposta: ERA PRECISO ENCONTRAR NO PRINCÍPIO IMATERIAL A JUNÇÃO CERTA NA
CONDUTA INDIVIDUAL E COLETIVA. A divindade estava materializada através do sol
e da lua, expoentes máximos de beleza e mistério. É a partir dessa fase que a
vida humana passa a ter contornos diferenciados na sua relação existencial,
modificando a forma de pensar com experiências curiosas, resultando em
linguagens e gravuras tribais.
Todo esse desenvolvimento
ancestral do homem se manifesta hoje na Religião de Umbanda por meio dessa
influência chamada de “atavismo”. Segundo Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço
que pesquisou a relação entre a Teologia e a Psicologia, chegando a fazer
algumas experiências espiritualistas, O ATAVISMO É GERADO PELO MECANISMO
CHAMADO DE “INCONSCIENTE COLETIVO”, QUE É FORMADO POR ARQUÉTIPOS, MANIFESTAÇÕES
COMUNS A CADA CULTURA. Segundo seus estudos sobre os arquétipos, EXISTE UMA
FORMA DE COLOCARMOS DEUS DENTRO DE NOSSAS VIDAS, MAS ISSO VAI DEPENDER DAS
CIRCUNSTÂNCIAS EXISTENCIAIS, CULTURAIS E PESSOAIS DE CADA UM. Dentro desse
sistema, conhecimentos, costumes e valores de uma sociedade ou civilização vão
passando de geração em geração.
Baseados na Lei da
Reencarnação, sabemos que o Espírito NÃO HERDA DE SEUS PAIS CARNAIS VALORES
MORAIS OU INTELECTUAIS; O INCONSCIENTE COLETIVO É UM GRANDE MECANISMO NESSA
TRANSFERÊNCIA DE VALORES)
A Umbanda, assim como qualquer
outra religião, teve que encontrar elementos favoráveis para que nascesse e se
desenvolvesse em solo brasileiro. Se por um lado a mistura de raças fez com que
o país não tivesse uma homogeneidade cultural, por outro facilitou a
manifestação de idéias religiosas de diversas tendências. Sem dúvida, NOSSA
PRIMEIRA RAIZ é a indígena, mas antes da nossa formação como hoje conhecemos, o
Índio e o Negro já possuíam uma forte cultura e patrimônio religioso.
Essa é uma das principais
razões pela qual a Umbanda fundou-se em terras brasileiras, pois esse atavismo,
que nos liga ao passado do Negro e do Índio por meio dos Caboclos e dos Pretos Velhos, facilitou para que a mesma tivesse sua base em torno desse cenário
multicultural e religioso, desenvolvendo-se junto ao povo, com um trabalho
totalmente voltado para a caridade.
Pesquisa e Texto: Virgínia
Rodrigues – Transcrito do Site Revista Espiritual de Umbanda, 11ª edição.