segunda-feira, 30 de maio de 2016

MEDIUNIDADE DE CURA





A mediunidade de cura oferece ao médium a possibilidade de curar um ser doente, buscando fluidos em fontes energéticas da natureza. Mas será que doenças cármicas também podem ser curadas espiritualmente?


A mediunidade de cura é a capacidade possuída por certos médiuns de curarem moléstias por si mesmos, provocando reações reparadoras de tecidos e órgãos do corpo humano, inclusive as oriundas de influencia espiritual. Assim como existem médiuns que emitem fluidos próprios para a produção de efeitos físicos concretos (ectoplasma), temos igualmente os médiuns que emitem fluidos que operam todas as reparações acima referidas.

Na essência, o fluido é sempre o mesmo, uma substância cósmica fundamental. Mas suas propriedades e efeitos variam imensamente, conforme a natureza da fonte geradora imediata, da vibração específica e, em muitos casos (como este de cura, por exemplo), do sentimento que precedeu o ato da emissão.

A diferença entre os dois fenômenos é que no primeiro caso (ectoplasma), o fluido é pesado, denso, próprio para elaboração de formas ou produção de efeitos objetivos por condensação, ao passo q~e no segundo (curas), ele é sutilizado, radiante, próprio para alterar condições vibratórias já existentes.

MÉDIUM CURADOR

Além do magnetismo próprio, o médium curador goza da aptidão de captar esses fluidos leves e benignos nas fontes energéticas da natureza, irradiando-os em seguida sobre o doente, revigorando órgãos, normalizando funções, destruindo placas e quistos fluídicos produzidos tanto por auto-obsessão como por influenciação direta.


O médium se coloca em contato com essas fontes ao orar é Se concentrar, animado pelo desejo de fazer uma caridade evangélica. Como a lei do amor é a que preside todos os atos da vida espiritual superior, ele se coloca em condições de vibrar em consonância com todas as atividades universais da criação, encadeando forças de alto poder construtivo que vertem sobre ele e se transferem a.o doente. Por sua vez, este se colocou na mesma sintonia vibratória por meio da fé ou da esperança.

Os fluidos radiantes interpenetram o corpo físico, atingem o campo da vida celular, bombardeiam os átomos, elevam-lhes a vibração íntima e injetam nas células uma vitalidade mais intensa. Em conseqüência, acelera as trocas (assimilação, eliminação), resultando em uma alteração benéfica que repara lesões ou equilibra funções no corpo físico.

Nas operações cirúrgicas feitas diretamente no corpo físico, os espíritos operadores incorporam no próprio médium que dispõe desta faculdade. Este, como autômato, opera o paciente com os mesmos instrumentos da cirurgia terrena, porém sem anestesia e dispensando qualquer precaução de assepsia. Em certos casos, embora raros, o espírito incorporado logra o mesmo resultado cirúrgico utilizando objetos de uso doméstico (facas, tesouras, garfos ou estiletes comuns) como instrumentos operatórios, igualmente sem quaisquer cuidados anti sépticos.

O cirurgião invisível incorporado no médium corta as carnes do paciente, extirpa excrescências mórbidas, drena tumores, desata atrofias, desimpede a circulação obstruída, reduz estenoses ou elimina órgãos irrecuperáveis. Semelhantes intervenções, além de seu absoluto êxito, são realizadas em um espaço de tempo exíguo, muito acima da capacidade do mais abalizado cirurgião do mundo físico. Em tais casos, os médicos desencarnados fazem seus diagnósticos rapidamente, com absoluta exatidão e sem necessidade de chapas radiográficas, eletrocardiogramas, hemogramas, encefalogramas ou quaisquer outras pesquisas de laboratório.

Nessas operações mediúnicas processadas diretamente na carne, os pacientes operados tanto podem apresentar cicatrizes ou estigmas operatórios como ficarem livres de instrumentos da cirurgia terrena. Normalmente são espíritos experimentados, que ajudam no diagnóstico e na intervenção cirúrgica quaisquer sinais cirúrgicos. Em seguida à operação, eles se erguem lépidos e sem qualquer embaraço ou dor, manifestando-se surpreendidos por seu alívio inesperado e a eliminação súbita de seus males.

Quando opera incorporado no médium, o espírito sempre é auxiliado por companheiros experimentados na mesma tarefa, que cooperam e ajudam no controle da intervenção cirúrgica, no diagnóstico seguro e rápido e no exame antecipado das anomalias dos enfermos a serem operados. Entidades experimentadas na ciência química transcendental preparam os fluidos anestesiantes e cicatrizantes, transferindo-os depois do mundo oculto para o cenário físico através da materialização na forma líquida ou gasosa, conforme seja necessário.











CONDIÇÕES FUNDAMENTAIS PARA A CURA

É lícito buscar a cura, mas não se pode exigi-Ia, pois ela dependerá da atração e fixação dos fluidos curadores por parte daqueles que devem recebê-los. A cura se processa conforme nossa fé, merecimento ou necessidade. Quando uma pessoa tem merecimento, sua existência precisa continuar ou as tarefas a seu cargo exigem boa saúde, a cura poderá ocorrer em qualquer tempo e lugar, até mesmo sem intermediários (aparentemente, porque ajuda espiritual sempre haverá). No entanto, às vezes, o bem do doente está em continuar sofrendo aquela dor ou limitação, que o reajusta e equilibra espiritualmente, o que nos faz pensar que nossa prece não foi ouvida.

Para tanto, vejamos o que diz Emmanuel no livro Seara dos Médiuns, no capítulo "Oração e Cura": "Lembremo-nos de que lesões e chagas, frustrações e defeitos em nossa forma externa são remédios da alma que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus. A cura só se dará em caráter duradouro se corrigirmos nossas atuais condições materiais e espirituais. A verdadeira saúde e equilíbrio vêm da paz que em espírito soubermos manter onde, quando, como e com quem estivermos. Empenhemo-nos em curar males físicos, se possível, mas lembremos que o Espiritismo cura sobretudo as moléstias morais".

De uma maneira primorosa, Allan Kardec nos situa sobre o assunto: "A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo está, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada, mas depende também da energia da vontade, que, quanto maior for, mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou espírito".

Daí então se depreende que são quatro as condições fundamentais das quais depende o êxito da cura: o poder curativo do fluido magnético animalizado do próprio médium, a vontade do médium na doação de sua força, a influenciação dos espíritos para dirigir e aumentar a força do homem e as intenções, méritos e fé daquele que deseja se curar.
















- Por Edvaldo Kulcheski -


sábado, 28 de maio de 2016

“POSSO TER TODA A SABEDORIA DO MUNDO, MAS SE NÃO TIVER CARIDADE EU NADA SOU”




          A Umbanda ensina a seus adeptos que a caridade é fator primordial de evolução.

          Servir é sempre bom dentro do conceito de qualquer religião. Porém a caridade Umbandista é silenciosa, secreta, cheia de ternura e amor.

         “Que sua mão direita não saiba o que fez a esquerda” . Esse é o primeiro conceito da caridade. Só faz a verdadeira caridade aquele que a pratica silenciosamente. Só assim teremos os “dividendos” do plano espiritual.

          Aquele que anuncia sua caridade, chama a televisão para vê-lo distribuir alimentos, brinquedos, etc., já tem sua paga aqui na terra: a admiração dos homens. Isso pouco importa para a espiritualidade, pois a verdadeira vida é a do plano espiritual.

         Outro conceito de caridade: “não humilhar quem recebe”. Quem anuncia o que faz, humilha quem recebe. Quebra a dignidade humana, que é a de ser igual a todos, como filhos de Deus. Quem recebe deve ser encorajado ao trabalho e à vida normal. Deve-se ensinar a pescar e não dar o peixe de modo paternalista.

          Não criar parasitas, esse é outro cuidado que se deve ter. Toda ajuda deve ser transitória e atrás dela deve vir a orientação, o estímulo ao progresso, o despertar do desejo de progresso material e espiritual. Se criarmos parasitas, há um estímulo surdo à preguiça. E a preguiça leva à ociosidade e logo aos vícios.

   A maior das caridades, entretanto, não é a material. Um afago, um sorriso, uma atenção, às vezes, constitui uma caridade imensa. Ouvir, só ouvir, ter paciência para ouvir, talvez seja hoje uma fonte fecunda da caridade pura. Quantos querem falar e não têm com quem? Quantos precisam de uma companhia e não encontram sequer quem lhes dirija um olhar? Quantos querem participar de um grupo espiritualista, ajudando também e não têm essa oportunidade?

Ajude,  ajude   sempre,  pois  é  assim que alcançaremos as virtudes abençoadas por Oxalá.

         A caridade na Umbanda, entretanto, não se resume aos encarnados. Nos Templos Umbandistas, espíritos são orientados, demovidos de más intenções, encaminhados a uma “escola de luz”.

         Essas oportunidades sem dúvida enriquecem a doutrina, mas enriquecem muito mais àqueles que estão alí, no trabalho constante, para servir aos que encontram em sofrimento.











                                              Paulo de Tarso

quinta-feira, 26 de maio de 2016

PORQUE NÃO NOS LEMBRAMOS DE OUTRAS REECARNAÇÕES ?

Não  nos lembramos das vidas passadas e está, aí, a sabedoria de Deus. Se nos lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que provocamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem agredimos, năo teríamos tranquilidade para viver entre eles, atualmente.

Muitas vezes, os inimigos de outras existências são, atualmente, nossos filhos, nossos irmãos, nossos pais, nosso esposo ou esposa, nossos amigos, que, presentemente, se encontram junto de nós para a reconciliação.

Para transformar o ódio de ontem em amor, e para estreitar mais ainda os laços de simpatia, existe a reencarnação.

Com toda certeza, estamos corrigindo erros praticados contra alguém, sofrendo as consequências de crimes perpetrados, ou mesmo sendo amparados, auxiliamos de mil maneiras por aqueles que no pretérito, nos prejudicaram. Daí a importância da família como cadinho de reacertos, o amor materno e paterno sobrepondo-se as aversões. É a família, instituição divina da reconsideração, escola número um de nossas vidas na Terra.

Ninguém está isento da quitação das dívidas contraídas. Disse Jesus que quem com ferro fere com ferro será ferido, e que o devedor pagará até o último ceitil, que era a menor fração da moeda, no seu tempo.

Se fomos trazidos a Terra para esquecer o nosso passados, valorizar o presente e preparar em nosso benefício o futuro, porque provocar a regressão de memória por mera curiosidade e sem objetivos superiores.

Portanto, se o que importa é sabermos quem somos, basta lançarmos um olhar para nossas tendências instintivas, e, para tanto, aplicar o recurso mais rápido e mais eficiente ao nosso alcance, aconselhado por um sábio da antiguidade: “ Conhece-te a ti mesmo.”


 “Tivemos
nós muitas vidas.
Bem antes de Moisés.
Não busques saber
quem foste.
Procure saber
quem és. “ 











          

Cornélio Pires, por Chico Xavier

segunda-feira, 23 de maio de 2016

AELA 40 ANOS DE FÉ, AMOR E CARIDADE






Prezados irmãos e amigos da AELA, que fazem parte desta instituição de Amor e Caridade, gostaria hoje de comemorar com  todos  este momento de festa e alegria.

Neste momento de comemoração de mais um aniversário de nosso querido terreiro, faz-se necessário uma reflexão sobre a importância que representa esta Instituição. Alegrem-se no Cristo, nos Pretos Velhos, nos Caboclos, nas Crianças, nos Companheiros e em todas as Entidades, e por tudo que esta casa já pode oferecer aos seus frequentadores, por todos esses 40 anos de existência.

Um Terreiro de Umbanda  representa um “OÁSIS” de luz para os que buscam refúgio nele para suas dores e  para os seus sofrimentos.

Um Terreiro de Umbanda funciona  como um ambulatório e também atua igualmente como um  hospital. Ele recebe os doentes do espírito que necessitam de triagem, de curativos e de cirurgias para reorganização do seu espírito doente.

Ele também reúne num feliz reencontro com aqueles reencarnados que necessitam de uma oportunidade para crescerem junto, ajudando o necessitado, e ao mesmo tempo convivendo com afetos e desafetos durante os trabalhos assistenciais.

Sabemos  que os que  mais contribuem para o Terreiro são os que trabalham, frequentam, estudam e procuram seguir um roteiro de fidelidade à Lei de Umbanda.

Esta casa tem seguido, durante toda sua existência, as orientações dos seus Mentores Espirituais , PRETO VELHO NHÔ BENEDITO E CABOCLO PENA BRANCA,  adotando sempre práticas  espirituais  de fé, amor e caridade, sempre  trilhando pelos caminhos da disciplina.





Rogo, portanto a Deus, que os trabalhadores desta casa continuem fiéis ao mandamento maior  da Lei de Deus,  que rege que, “amemos ao próximo como a nós mesmos”, e  creio que deva ser esse o nosso objetivo primeiro ao nos relacionarmos nos diversos campos de atuação a que pertencemos, buscando trabalhar as nossas dificuldades em favor dos nossos semelhantes.
    

Quarenta anos de existência no trabalho do bem, confortando, assistindo e amando já representa  um grande exemplo a ser seguido. Tenham certeza que todas as Entidades estão  alegres  pela sintonia que esta casa tem apresentado com os seus ensinamentos .




Agradecemos  pela oportunidade que nos foi dada pela espiritualidade , agradecemos as Entidades Mentoras deste Terreiro  e todas Entidades que aqui se dedicam  para que possamos nos transformar em seres humanos melhores.

O corpo mediúnico é um dos grandes pilares do nosso Terreiro, nossos médiuns  são parte da essência do cuidar, da arte de fazer o bem, da busca do equilíbrio e do bem estar de cada um que procuram por nós e por nossa Casa, por isso cada um de vocês merecem todo o nosso respeito, carinho e confiança. Somente com a participação efetiva de todos, nossos objetivos serão verdadeiramente alcançados e atingiremos o que a espiritualidade quer e cobra de nós.

Não poderíamos esquecer de agradecer a figura impar do nosso irmão Ivan ,que designado pelos espíritos superiores e  cumprindo seu Karma desde muito jovem , vem comandando esta casa com muita dedicação, empenho e disciplina , pois caso contrário talvez hoje não estaríamos comemorando 40 anos de Fundação.

Por isso lhe digo Ivan o fardo é proporcional a força, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. Parabéns por mais um ano de lutas e batalhas.

Para finalizar termino utilizando uma mensagem de um Caboclo.

No caminho que nos leva a Oxalá não há espinhos, nós é que os plantamos e nós é que teremos de eliminá-los, para que mais tarde possamos cuidar da flor de onde virá o fruto da nossa existência.
Filhos de Fé! Olhem para os céus e deem graças ao Pai por ter um Caboclo ou um Preto-Velho que lhes ensina como eliminar seus espinhos.



OBRIGADO PRETO VELHO NHÔ BENEDITO , OBRIGADO CABOCLO PENA BRANCA







sexta-feira, 20 de maio de 2016

MENTORES ESPIRITUAIS DE CURA




Os mentores de cura trabalham em diversas religiões, inclusive na Umbanda. São muito discretos em sua forma de se apresentar e trabalhar, e estas formas mudam de acordo com a religião ou local em que irão atuar. São espíritos de grande conhecimento, seriedade e elevação espiritual. Alguns deles não demonstram muito sentimento mas mesmo assim têm muita vontade de ajudar ao próximo, com o tempo tendem a evoluir também para um sentimento maior de amor ao próximo.

São extremamente práticos, não aceitando conversas banais ou ficar se estendendo a assuntos que vão além de sua competência ou nos quais não podem interferir, pois não são guias de consulta no sentido ao qual estamos habituados na Umbanda.

Para se ter uma ideia melhor, sua consulta seria o polo oposto à consulta com um Preto Velho. Normalmente os pretos velhos dão consultas longas, cheias de ensinamentos de histórias, apelando bem para o lado emocional. Já os Mentores de Cura, se dirigem ao raciocínio, buscam fazer o encarnado compreender bem as causas de suas enfermidades e a necessidade de mudança nessas causas, bem como a necessidade de seguirem à risca os tratamentos indicados. Quando precisam passar algum ensinamento o fazem em frases curtas e cheias de significado, daquelas que dão margem à longas meditações.

São espíritos que quando encarnados foram: Médicos, Enfermeiros, Boticários, Orientais (que exercem sua própria medicina desde bem antes das civilizações ocidentais), Religiosos (monges, freis, padres, freiras, etc.), ou exerceram qualquer outra atividade ligada a cura das enfermidades dos seres humanos, seja por métodos físicos, científicos ou espirituais.





Métodos de Trabalho

Cada guia tem sua forma de restituir a saúde aos encarnados, normalmente se utilizam de meios dos quais já se utilizavam quando encarnados, mas de forma muito mais eficiente, pois após chegarem ao plano espiritual puderam aprimorar tais conhecimentos. Além disso esses espíritos aprenderam a desenvolver a visão espiritual, através da qual podem fazer uma melhor anamnese (diagnóstico) dos males do corpo e da alma.

Aliados aos seus próprios métodos individuais eles se utilizam de tratamentos feitos pelas equipes espirituais ou ministrados pelos encarnados com auxílio do plano espiritual.

Alguns deles são:



Cirurgia Espiritual

É realizada pelo mentor de cura incorporado ao médium. E envolve a manipulação do corpo físico através das mãos do médium, podendo ou não haver a utilização de meios cirúrgicos elementares (cortes, punções, raspagens, etc…). O maior representante deste método de trabalho no Brasil é o espírito do Dr. Fritz, mas este método é utilizado em diversas culturas e religiões

Cirurgia Perispiritual

É realizada diretamente no perispírito do paciente, com ou sem a colaboração de um médium presente, costuma ser realizada por uma equipe espiritual designada especificamente para cada caso e ser feita em dia e horário pré determinados.



Visita Espiritual


É realizada por uma equipe espiritual, que visita o paciente no local onde ele estiver repousando, também com um dia e hora predeterminados. Na visita, darão passes, farão orações, etc…

















terça-feira, 17 de maio de 2016

A VOZ DO SILÊNCIO





O atendimento da noite agora se encerrava naquele terreiro de Umbanda. Alguns dos pretos velhos que haviam trabalhado se desligavam de seus aparelhos, não sem antes equilibrá-los com energias edificantes e benfazejas. Um dos médiuns, após praticamente "despachar" seu protetor, apressou-se em ajoelhar-se aos pés da preta velha que ainda permanecia incorporada, para solicitar aconselhamento.

O bondoso espírito acolheu amorosamente suas lamentações como o fez com todos os outros que haviam passado por ela naquela noite. Ouviu tudo fumegando seu cachimbo, porém nada falou. Saravou aquele filho, agradecendo-o pela caridade que havia prestado e assim se despediu, largando seu aparelho. O médium por sua vez, desajeitadamente se retirou, sem conseguir entender o silêncio da Preta Velha. Um misto de rejeição e indignação passou a povoar seus sentimentos, e pensou:

- "Então é assim! Eu fico fazendo caridade por horas a fio e quando solicito ajuda, o que recebo?"

Enquanto a corrente mediúnica realizava as preces de encerramento da sessão, ele sentiu uma inexplicável sonolência que o obrigou a dirigir-se diretamente para casa, ignorando o programa prévio de sair com os amigos para mais uma noitada de lazer em bares da cidade.

Mal adormeceu, em corpo astral, através do desdobramento, percebeu estar ajoelhado sobre folhas verdes e cheirosas num ambiente simples, cujas paredes eram feitas de bambu, o teto de folhas de coqueiro e o chão de terra batida. Algumas tochas iluminavam o local, e havia uma cantiga no ar que ele bem conhecia. Sentindo a presença de alguém, virou-se e o viu sentado em seu tosco banco com aquele sorriso matreiro e cachimbo no canto da boca. Sua roupa, bem como seus cabelos brancos, contrastava com a pele negra. Os pés descalços e calejados. No pescoço um rosário cujas contas eram pura luz. Sim, era ele, Pai Benedito, seu protetor.

- “Saravá zin fio!” Falou a Entidade de Luz!

- “Saravá meu Pai!” Respondeu ele.

- “Pai Benedito chamou o filho até sua tenda para poder explicar tudo aquilo que você não conseguiu entender com a orientação da mana lá no terreiro da terra.” Explicou seu protetor.

- “Meu Pai, ela nada falou...” Reclamou ele.

- “E suncê se magoou, não foi?” Perguntou seu Protetor.

- “É... não compreendi...” Respondeu tristemente. A maravilhosa Entidade então, explicou:

- “Por isso Pai Benedito o trouxe até aqui e vai explicar. Os filhos da terra ainda não conseguem compreender a mensagem do silêncio devido às suas mentes aceleradas pelo imediatismo, pela falta de concentração e pelo vício de "receitas prontas". A mana que nada disse ao filho, agiu assim justamente para incentivar a sua busca das respostas.

Queria que o filho, instigado pela falta do aconselhamento a que vinha se acostumando, pudesse parar e pensar. Pensar em todos os conselhos que seu protetor, através de seu aparelho, havia passado para as pessoas que atendera lá no terreiro há momentos atrás.

O silêncio da preta velha, quis dizer ao filho que o primeiro e maior beneficiado da abençoada tarefa mediúnica é o próprio mediador. A sua característica de médium consciente permite que receba e transmita os nossos pensamentos e os bons fluídos dos quais se torna canal. Para que o intercâmbio "médium-espírito" aconteça, pela Bondade Divina, o corpo astral do mediador é previamente preparado antes de reencarnar através da "sensibilização fluido-mediúnico" de seus centros de forças para que assim se dê a afinização com seus protetores.

Durante toda a vida encarnada, é ainda alertado e amparado para que possa exercer o mandato dentro do programado. No entanto, existe um carma envolvendo tudo isso, e o fato dos filhos prestarem a caridade não os isenta dos entrechoques a que estão sujeitos na matéria, que nada mais são do que ensinamentos necessários do certo e do errado.

Respeitando as escolhas feitas, esses protetores tantas vezes perdem seus pupilos para os descaminhos da vida, mesmo e apesar de todo esforço, e então lhes resta aguardar que o relógio do tempo os traga de volta pela mão da dor.

Pai Benedito não se entristece, se o filho por vezes o dispensa, ou não entende suas mensagens. Nem mesmo quando o filho desfaz as energias recebidas após o trabalho de caridade através da busca de prazeres ilusórios e momentâneos. Apenas ajoelha diante do Congá, que no plano astral fica sempre iluminado pelas velas da caridade prestada nas poucas horas em que a corrente de médiuns se reúne na terra, e implora ao Pai Oxalá a sua compreensão para todos os espíritos que ainda teimam em permanecer colados às suas mazelas no plano terreno.

Por isso filho, estando aqui em frente a este espírito que tanto o ama e cuja ligação perde-se no tempo, peço que desabafe suas dores, que tire as dúvidas que angustiam seu coração.”

Agora o silêncio era todo seu. Apenas as grossas lágrimas que desciam de sua face falavam de sua pouca fé, de seu descrédito até então, da própria mediunidade. De seus momentos de incertezas quanto a estar servindo realmente de canal para Pai Benedito, de seus medos em relação ao animismo e da confusão que fazia dele com a mistificação. Mas principalmente de sua vontade de largar tudo pelos prazeres do mundo, afinal era muito jovem ainda para levar uma vida regrada em função da mediunidade. Então a Entidade de Luz continuou:

- “Pai Benedito compreende a angústia do filho, mas pede que revise os tantos avisos que recebeu em seus sonhos, nas palestras instrutivas que ouviu lá no terreiro, nos livros que chegaram até suas mãos e nas tantas vezes que a Preta Velha o instruiu, o aconselhou. Onde estão estas informações? Para quem eram dirigidas nossas palavras nos atendimentos, senão para você que as ouvia antes de repassá-las? Nada é proibido aos filhos no estágio da matéria, mas em tudo deverá existir o equilíbrio.“

O silêncio da Preta Velha havia sido traduzido, e agora ele conseguia compreender que fora o melhor, dos tantos conselhos que ouvira dela.

Fechando seus olhos, agradeceu a ela mentalmente e quando os abriu, além do cheiro de incenso e da claridade que se instalara naquele ambiente, percebeu que tudo modificara. A humilde tenda agora era um templo iluminado por vitrais coloridos que formavam filetes de luz que se entrecruzavam num quadro de beleza estonteante. No chão, ao centro, em esplendoroso piso vitrificado havia o desenho de uma mandala, que de seu centro irradiava luz dourada. Já não estava mais diante daquele Pai Velho em humildes trajes, pois ele havia se transfigurado num ser de características orientais, de olhar penetrante. Nada pode pronunciar, sua voz embargou. Havia que se fazer o silêncio para que só ele traduzisse a mensagem agora recebida.

Naquela manhã acordou muito cedo, tendo plena lembrança de seu "sonho". No ar, ainda o cheiro do incenso. Não fosse a exigência da vida física, ficaria o dia todo calado, saudando o silêncio da Preta Velha.

"Que nos ouça, quem tem ouvidos de ouvir". Saravá aos filhos da Terra.













Esta mensagem foi recebida espiritualmente pela médium Leni W. Saviscki e foi publicada originalmente no Jornal de Umbanda Sagrada – Número 63 – em Julho de 2005.



segunda-feira, 16 de maio de 2016

AS ERVAS NA UMBANDA







Na liturgia e nos rituais de Umbanda, vemos o uso de ervas seja na forma de amacís, imantações, banhos de descarga, etc. Isso porque as ervas detém grande quantidade de energia vital, no elemento vegetal, que através de suas combinações podem produzir determinado efeito positivo ou negativo, como tudo que é energia no Universo.

As ervas possuem forte poder para atuarem em nossa aura, em nosso campo energético, fato este já conhecido pelos indígenas, e demais povos ancestrais que já as utilizavam para diversos fins.

Como já dito, através do uso de sua energia as ervas podem ser classificadas quanto aos seus efeitos, sejam positivos, negativos ou neutros. Diante desse conhecimento, a Umbanda utiliza-se desse elemento para desenvolver seus rituais, seus descarregos, curas ou fortalecimentos, tudo comandado pelas entidades espirituais que determinam o uso apropriado do elemento vegetal conforme o caso.

Uma das formas de utilização das ervas na Umbanda, são na forma de banho. Os banhos de descarrego são usados para eliminar vibrações negativas, limpando o perispírito de miasmas negativos, magia negativa ou mesmo da influência de obsessores. Os banhos de fixação, para adquirir vibrações positivas, vitalizando os chacras do médium de energia positiva para fortalecimento dos processos mediúnicos ou de ligação do espírito encarnado com seus guias e entidades atuantes.

O uso destes banhos são de grande importância e depende do conhecimento e uso de ervas e raízes, nas suas diferentes qualidades e afinidades, que devem entrar na composição dos mesmos, não se podendo facilitar quanto a isso.

Ocorre uma diferenciação, também, na forma em que se deve tomar o banho. No de descarrego, deve-se molhar do pescoço para baixo, jamais a cabeça; já no banho de fixação, este deve ser tomado de corpo inteiro. Não se deve enxugar o corpo totalmente após os banhos indicados na Umbanda, para que haja maior captação ou eliminação da energia propiciada pelas ervas usadas no banho.








sexta-feira, 13 de maio de 2016

SALVE PAI VELHO




Pretos velhos, já pararam para pensar no significado deste tema “Preto Velho” ?

Sem dúvida nenhuma a maioria dos irmãos espíritas, usam este termo para qualificar, distinguir uma determinada falange espiritual, mas é só, nem por um momento se aprofundam em seu significado, pensam simplesmente que é a falange de escravos velhos, que desencarnaram como tal nesta terra e nada mais.

Preto velho, quanto, mas quanto, este termo é profundo, ele representa a Humildade, a Simplicidade daqueles que evoluíram através dos séculos em direção ao amor de Cristo.

Quantos espíritos titulados “pretos velhos” em outras encarnações não foram doutores, filósofos, matemáticos, padres, apóstolos, reis, monges orientais, magos, etc., quantos, quantos eu vos pergunto?

Ora bem sabeis que após a reencarnação o espírito readquire a sua Identidade Integral, voltando aos poucos a sua “inteligência” todas as reencarnações passadas e os ensinamentos adquiridos nelas, também é sabido que um espírito desencarnado pode apresentar-se da forma que lhe aprouver, conforme a sua evolução, portanto um preto velho que foi um filósofo em outra encarnação como tal poderia se apresentar, da mesma forma que um médico em sua última reencarnação pode se apresentar como preto-velho se este foi o seu estado em reencarnação anterior.

Por isto meus irmãos, é que os Pretos Velhos são considerados a falange mais doce, a mais simples e a mais humilde das falanges que fazem parte da umbanda, são também os mais pacienciosos, sempre prontos a perdoar, a por “panos quentes”, preferindo eles dar grandes voltas para chegar a um objetivo do que ir diretamente a ele, se isto for causar mágoa em alguém.

Só utilizam medidas drásticas em último caso, têm como companheiros de trabalho as almas (espíritos desencarnados a procura de luz), que eles em sua sabedoria infinita ajudam dando-lhes tarefas, ensinando-as assim o lindo caminho da real caridade, preparando-as para uma futura reencarnação.

Pretos velhos, Pretos velhos, qual seria a razão de vós teres desejado resgatar suas últimas dívidas como escravos, tratados muitas vezes como animais, perdoando a cada chibatada, a cada dor, na certa nesta posição vos colocastes para amparar espíritos fracos encarnados na mesma situação, ou talvez através de seu exemplo de humildade e paciência, fazer brotar a semente do amor em seus algozes.

Vós que aguentastes a escravatura até o fim de vossos dias terrenos, aproveitando a jornada para derrubar as vossas últimas fraquezas, vossos últimos vícios, vós que separados de seus filhos de sangue, vos tornastes Pai e Mãe de muitos filhos espirituais, a todos vós, por tudo que tens feito na seara do Senhor Jesus, eu elevo o meu pensamento de amor, o meu pensamento de agradecimento, pois a vossa existência é a prova que só o Amor, a Caridade e a Humildade poderão nos conduzir a espiritualidade Maior.








MENSAGEM

A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.

Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros problemas.

O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente: “Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade”. Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos…

Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.

Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida: “Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade.”

Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis podeis encontrar o teu encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS”

















Ditado por Gilson Gomes em 13-05-82.