O que merece reprovação
não é a esmola, mas a maneira por que habitualmente é dada. O homem de bem, que
compreende a caridade de acordo com Jesus, vai ao encontro do desgraçado, sem
esperar que este lhe estenda a mão.
A verdadeira caridade é
sempre bondosa e benévola; está tanto no ato, como na maneira por que é
praticado. Duplo valor tem um serviço prestado com delicadeza. Se o for com
altivez, pode ser que a necessidade obrigue quem o recebe a aceitá-lo, mas o
seu coração pouco se comoverá.
Lembrai-vos também de que,
aos olhos de Deus, a ostentação tira o mérito ao benefício. Disse Jesus:
"Ignore a vossa mão esquerda o que a direita der." Por essa forma,
ele vos ensinou a não tisnardes a caridade com o orgulho.
Deve-se distinguir a
esmola, propriamente dita, da beneficência. Nem sempre o mais necessitado é o
que pede. O temor de uma humilhação detém o verdadeiro pobre, que muita vez
sofre sem se queixar. A esse é que o homem verdadeiramente humano sabe ir
procurar, sem ostentação.
Amai-vos uns aos outros,
eis toda a lei, lei divina, mediante a qual governa Deus os mundos. O amor é a
lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei de amor
para a matéria inorgânica.
Não esqueçais nunca que o
Espírito, qualquer que seja o grau de seu adiantamento, sua situação como
encarnado, ou na erraticidade, está sempre colocado entre um superior, que o
guia e aperfeiçoa, e um inferior, para com o qual tem que cumprir esses mesmos
deveres. Sede, pois, caridosos, praticando, não só a caridade que vos faz dar
friamente o óbolo que tirais do bolso ao que o ousa pedir, mas a que vos
leve ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes com os defeitos dos
vossos semelhantes. Em vez de votardes desprezo à ignorância e ao vício,
instruí os ignorantes e moralizai os viciados. Sede brandos e benevolentes para
com tudo o que vos seja inferior. Sede-o para com os seres mais ínfimos da
criação e tereis obedecido à lei de Deus.
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