domingo, 7 de agosto de 2016

MÉDIUM E A FORMAÇÃO PESSOAL






O Brocardo máximo da Umbanda Sagrada se faz presente nestas linhas introdutórias – a saber: “Umbanda tem fundamento, é preciso trabalhar”.

O médium iniciante, bem como o mais experiente, jamais deverá dar-se por satisfeito no seu saber, deverá sim sempre almejar algo a mais, pois o infinito é o limite.

A formação pessoal consiste na leitura de obras edificantes, a presença em cursos de aperfeiçoamento, seja religioso ou magista, e ainda, presença em palestras, a exemplo das palestras universalistas que abordam a humanidade como um todo, atingindo a melhora moral por parte do estudante-médium.

Além destas sugestões de desenvolvimento pessoal, não podemos divorciar o sentido da reforma íntima.

“A partir da ciência de sua mediunidade e do compromisso de colocá-la a serviço da espiritualidade, o médium deverá conscientizar-se da própria necessidade de melhorar comportamentos e atitudes no dia a dia, que automaticamente refletirão de modo positivo nos trabalhos que realizará no templo e em sua vida como um todo.

Quando alguém assume o grau de médium, dele é exigido que purifique seu íntimo, que reformule seus antigos conceitos a respeito da religiosidade e que se porte dignamente, de acordo com o que dele esperam os orixás sagrados, que o ampararão daí em diante.

A transformação interior é o caminho correto da vida, o caminho da retidão, o caminho da fé e da vontade, o caminho da luz. Em nossa mente e em nosso coração, não deve haver separação entre mundo material e espiritual; não há tempo para a matéria e um tempo para o espírito, pois o valor da vida está na eternidade. A qualidade de tudo é universo de Deus.

A prática religiosa dever ser um ato sagrado o tempo todo, levando a simplicidade da vida para dentro do nosso coração e tornando sagrado o nosso mundo, as nossas ações, os nossos momentos. Não é preciso ‘arranjarmos tempo’ para praticar a religião, o necessário é transformarmo-nos interiormente, buscando nossa verdadeira essência, nossa verdadeira natureza e identidade, a cada momento, expressando isso na criação de um mundo melhor. É preciso purificar o corpo físico e o coração.

A purificação do corpo implica comportamento limpo, claro e aberto, dar carinho e servir aos outros, fazendo de nós um modelo a ser seguido. Significa não ir à busca do prazer e da gula, não falar palavras fúteis, desrespeitosas ou sobre os erros dos outros; não promover discórdias, mas sim incentivar as pessoas a fazerem as coisas certas; falar palavras reconciliadoras; ser educado, amoroso, suave, delicado, afável e benevolente; não falar alto e grosseiramente.

(...) A purificação do coração, enquanto fonte da consciência do ser humano, ocorre com a preservação do pensamento limpo e sem defeito. Para isso, devemos desenvolver a sinceridade, o respeito, a humildade, a gratidão a harmonia, o contentamento, a misericórdia, a compaixão, a abnegação e o perdão, no entanto sem aplacar o sentimento de revolta contra injustiças e a miséria.

(...) O sentido da vida está em ajudarmos no equilíbrio de nossos semelhantes. Aqueles que se tornaram conhecedores da Lei e já conquistaram seu equilíbrio buscam a essência do Criador nas coisas mais simples; sacrificam-se pelos semelhantes, sem nada esperar em troca; preocupam-se em não depredar a natureza; integram-se por inteiro ao ancestral místico, sabendo que tudo é parte do mesmo corpo de Olorum. 

A nós, umbandistas, cabe purificar o nosso íntimo, renovar nossa religiosidade e a fé nos sagrados orixás, no nosso meio humano, sofrido e desencantado com tantas injustiças sociais e religiões comprometidas com esse estado de coisas.”















Por Lurdes de Campos Vieira e Rubens Saraceni.
Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental umbandista.

São Paulo: Madras, 2006, pág. 34 a 36.

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