Estudando sobre as
diferenças entre a Umbanda, o Kardecismo e o Candomblé, uma questão em
particular chamou minha atenção. É o fato dos atendimentos dentro dos terreiros
de Umbanda serem feitos de forma direta e de fórum íntimo com os consulentes.
Tal postura traz enorme
responsabilidade e preocupação por parte dos médiuns e principalmente por parte
dos dirigentes que além de direcionar os trabalhos e ensinar com esmero seus
médiuns necessita ter muito preparo, pois responderá às justiças astrais e
terrena caso alguma coisa saia dos eixos.
A natureza dos atendimentos
realizados nos terreiros de Umbanda podem influenciar diretamente na vida
familiar, profissional, emocional e a saúde dos consulentes. Uma única palavra
errada ou mal colocada poderá causar grandes danos na vida das pessoas que
recorrem aos guias e, toda essa carga de responsabilidade será voltada para o
médium e seu dirigente.
Hoje em dia, penso que devido tais
observações, muitos dirigentes se empenham nos ensinamentos e estudos em suas
casas junto de suas correntes e, alguns estão indo mais longe, fazendo uma
certa triagem antes de permitir que o consulente tenha acesso ao guia para
realizar sua consulta.
Dentro do trabalho efetuado, além
dos estudos e direcionamentos, deverá primar por um bom, sério e verdadeiro desenvolvimento
mediúnico. Sem presa e com capricho no trabalho realizado, conduzindo o médium
à uma verdadeira integração com as entidades que futuramente trabalharão nos
atendimentos. Não há um tempo determinado para que um filho se desenvolva,
temos consciência de que cada um é um caso individual e todos terão seus tempos
respeitados, observados e orientados. Temos em mente que esta atitude é uma
forma de garantia para que o menor número de erros possam ocorrer.
Pois bem, diante do exposto,
recorri a um grande Caboclo e solicitei maiores explicações da razão pela qual
a Umbanda realiza seus trabalhos desta forma, o que ele me respondeu:
- A Umbanda é uma religião nova que
ainda sofre ajustes em seus ritos e fundamentos e é por esta razão que cada
terreiro possui suas particularidades ritualísticas. Podemos dizer que cada
casa possui seu tempero para fazer a mesma comida porém, em todas as casas um
tempero em especial é utilizado e considerado o principal para que a comida
saia perfeita.
- Qual é este tempero? perguntei.
- É Jesus Cristo. Todos os filhos
da Umbanda são seguidores dos ensinamentos deixados pelo Mestre Jesus, o que
não é diferente com as entidades que nela militam. Sendo assim, ao ser
assentada no plano físico, os médiuns foram intuídos sobre esta forma de
atendimento que nada mais é do que o seguimento do exemplo deixado por Jesus
enquanto esteve entre os filhos da Terra.
Todos sabem que os trabalhadores do
astral (caboclos, pretos velhos, baianos, etc) não necessitam que um filho diga
qual a razão que o trouxe até o terreiro, quem não sabe a razão é o médium que
depende de ouvir o filho dizer ou então das informações que nós, o guias,
passamos.
Nós (guias) trabalhamos exatamente
como Jesus trabalhou. Ele também não precisava que as pessoas dissessem de suas
dores. Não era preciso nem que houvesse uma aproximação pessoal para alcançar
um graça ou ser atendido. Bastava ter fé, estar no mesmo recinto para que Ele
soubesse de cada um, de suas necessidades e dores mas, mesmo assim Ele permitia
que todos se aproximassem e desabafassem suas aflições solicitando Sua ajuda.
Jesus nunca solicitou aos seus discípulos que barrassem as pessoas que
precisavam Dele. Ele simplesmente se misturava ao povo e se fazia acessível
para praticar a caridade e compreendia o grau evolutivo de cada um e a
necessidade que todos tinham de ao menos serem ouvidos. Jesus também
compreendia a necessidade que os filhos tinham de serem ouvidos por Ele e não
por um de seus apóstolos. O simples fato de estar diante do Mestre já
despertava o positivismo, a pessoa já se sentia individuo, importante, especial
e este sentimento despertado era meio caminho andado para a cura de seus
espíritos e corpos.
Sendo assim, filha, a única razão do
atendimento na Umbanda ser como é, se dá pelo fato dos guias de Umbanda
seguirem o exemplo deixado pelo mestre Jesus.
Ao compreender a razão, como
dirigente me resigno diante das responsabilidades e do compromisso ainda maior
com os estudos para melhor servir.
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