Quando era criança e
pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: “Pai, começa
o começo!”
O que eu queria era que
ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as
minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a
fruta para mim.
Mas, outras vezes, eu
mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial
que ele havia feito.
Meu pai morreu há muito
tempo e não sou mais criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda
ao meu lado para, pelo menos, “começar o começo” de tantas cascas duras que
encontro pelo caminho.
Hoje, minhas “tangerinas”
são outras. Preciso “descascar” as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos
relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar.
O esforço diário que é a
construção do casamento, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte
de viabilizar filhos realizados e felizes.
O enfrentamento sempre tão
difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades
financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de
decisões e desafios.
Em certas ocasiões, minhas
“tangerinas” transformam-se em abacaxis.
Lembro-me, então, que a
segurança de ser atendido pelo meu pai quando lhe pedia para “começar o
começo”, era o que me dava a certeza de que conseguiria chegar até ao último
pedacinho da casca e saborear a fruta.
Além da atenção e carinho
que eu recebia, ele também me ensinou a pedir ajuda a Deus, Pai do céu. Meu pai
terreno me ensinou que Deus é eterno, que está sempre ao nosso lado e que Seu
amor é a garantia das nossas vitórias.
* * *
Quando a vida parecer
muito difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma
criança, lembremo-nos de suplicar o auxílio Divino.
Deus nos indicará o
caminho e não só começará o começo, mas pode ser que, em algumas ocasiões,
resolva toda a situação.
Não sabemos o tipo de
dificuldade que encontraremos na nossa caminhada, mas amparemo-nos no amor
eterno de Deus para pedir, sempre que for preciso: Pai, começa o começo!
* * *
A sensibilidade de
enxergar as dificuldades dos filhos e oferecer o apoio necessário, no momento
certo, é essencial. Tem o poder de curar feridas e se transforma em bálsamo
para a dor.
Devemos saber o quanto é
importante dizer ao filho: Se você tem medo, venha aqui. Se você cair, falhar,
estarei ao seu lado. Amovocê.
Devemos saber valorizar
toda atitude positiva.
O abraço e o beijo fazem a
criança se sentir querida e consolidam a segurança e o amor. Demonstrarmos a
confiança de que somos constantemente amparados por Deus oferece aos filhos um
caminho para a construção da fé.
Todo o carinho e afeto
demonstrados pelos pais aos filhos, durante a infância, se transformarão em
direcionamento seguro e formarão base sólida para o enfrentamento das
dificuldades na vida adulta.
Redação do Momento
Espírita, com base no texto Pai, começa o começo, de autoria desconhecida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário