A vida humana é cheia de
surpresas, de altos e baixos. Um dia estamos felizes. No outro, a tristeza nos
chega porque perdemos o emprego, o salário não aumentou, a tarifa do ônibus
subiu de preço.
Sentimo-nos tristes porque
queríamos assistir a uma peça de teatro e não conseguimos o ingresso.
Programamos um belo passeio no final de semana e a chuva resolve aparecer, com
todo seu vigor, acabando com nosso programa.
Por todas estas coisas e
outras tantas, muitas vezes nos queixamos da vida e nos sentimos cansados de
viver.
Seria interessante que
pensássemos um pouco a respeito do valor extraordinário da vida, do presente
maravilhoso que é viver.
A respeito, encontramos um
belo poema de Gabriel Garcia Marquez que diz mais ou menos assim:
Se, por um instante, Deus
se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço
de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria em
tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não
pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois
sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais parassem. Acordaria
quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e saborearia um
bom sorvete de chocolate.
Deus meu, se eu tivesse um
coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Regaria
as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo
de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um
pedaço de vida não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes: “Te amo, te
amo, te amo.”
Convenceria cada mulher e
cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado de amor.
Aos homens, lhes provaria
como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem,
sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar pela vida.
A uma criança lhe daria
asas. Mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.
Aos velhos ensinaria que a
morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com
vocês, homens.
Aprendi que todo mundo
quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na
forma de subir a escarpa.
Aprendi que quando um
recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez o dedo de seu pai,
o tem prisioneiro para sempre.
Aprendi que um homem só
tem o direito de olhar um outro, de cima para baixo, para ajudá-lo a
levantar-se.
São tantas as coisas que
pude aprender com vocês. Ah! Se Deus me desse um pedaço de vida.
* * *
Viver no mundo é
experiência inigualável. A cada dia, durante vinte e quatro horas, se renovam
as oportunidades de progresso e felicidade.
Perceber que elas nos são
colocadas, diariamente, para o aprendizado do amor, o exercício do bem e o
crescimento individual, cabe a cada um.
Comecemos observando o sol
a despontar e pensemos que Deus está a nos brindar, neste dia, com a bênção da
vida para que possamos, outra vez, experimentar o convívio com nossos irmãos, o
aprendizado intelectual que nos engrandece e, especialmente, a chance de ser feliz.
Redação do Momento
Espírita, com texto
de Gabriel Garcia Márquez
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