Não há dúvida alguma de
que a característica comportamental do ser humano, a humildade, influi de
maneira decisiva nos rumos da vida em sociedade.
Desde os tempos mais longínquos de vida na
Terra, em que a natureza obrigava o homem a empregar grandes esforços na sua
luta pela sobrevivência em um mundo hostil, é de se esperar que a união em
harmonia e equilíbrio promova melhores resultados do que a sociedade onde
impera a vaidade, o orgulho, o individualismo e a falta de humildade em atos e
ações.
Nos dias modernos, com o
avanço científico e tecnológico, onde a transformação de bens materiais brutos
em componentes imprescindíveis à vida do homem moderno, cada vez mais a
competitividade na geração do trabalho pessoal e coletivo torna-se maior e mais
forte, sendo o fator humildade o grande diferencial para o sucesso de uma
reencarnação produtiva e mais feliz.
Assim, estudarmos a
humildade como componente do comportamento humano, visando melhor desempenho da
sociedade, é fundamental a fim de promover as reestruturações e adaptações no
novo mundo regenerado.
Analisar a humildade do
ponto de vista de bens materiais é o mesmo que analisar uma pedra como fator
responsável pela morte de uma criatura atirada para tal finalidade.
É necessário, portanto, avaliar a humildade
como característica intrínseca do indivíduo, herdada desde a criação do
Espírito, como centelha componente do amor Divino e sujeita a todas as leis da
evolução humana, rumo à perfeição.
É muito comum definir como
sinônimo de humildade, a pobreza, ou seja, o homem com deficiência ou ausência
de bens materiais os quais não podem promover o conforto de uma vida saudável e
tranqüila para ele em nosso planeta.
Assim, quanto mais miserável for a pessoa,
mais ausente de bens materiais, mais humilde ela seria. Essa análise é
absolutamente materialista e improcedente, pois se a característica é
intrínseca ao Espírito, ela não pode ser extremamente materialista.
Devemos sim, respeitar
todas as formas de crenças e aqueles que se julgam com necessidade de estar
entre a miséria para aproximar-se da humildade devem mesmo seguir a ordem
natural das coisas.
Aliás, muitas dessas pessoas estão de fato no caminho da
verdadeira humildade espiritual, levando uma vida de simplicidade, de amor a
natureza com desprendimento material. Mas o que é uma vida ligada à matéria e o
que é o significado de desprendimento material?
Caso o conceito de
humildade signifique a pobreza, a miséria, seria lógico raciocinar de duas,
uma. Ou a humildade não significa nada na evolução do homem, ou a pobreza,
miséria, riqueza não estão totalmente ou parcialmente ligada a ela. Como já
dissemos que a humildade é de fato importantíssima na evolução da humanidade,
ela se exterioriza nos atos e ações do espírito e não nas situações de posição
social a que ele se encontra no momento.
Evidentemente, como o
espírito caminha em evolução eterna no seu aprimoramento pessoal, na sua
passagem pela matéria terrestre, os bens materiais não devem ser importantes
para a sua evolução espiritual. Cabe ressaltar que o conhecido ditado popular -
“a pessoa não leva nada dos bens adquiridos aqui depois da morte” não é
correto, pois mantém as atitudes e gostos vivenciados quando reencarnada, após
o seu desencarne. Na sua nova jornada, no plano espiritual, continua
normalmente a luta em seu aprimoramento pessoal.
A forma e não o fundo é o
diferencial importante. Por exemplo, um indivíduo adquire um carro bom, confortável,
com boa segurança, necessário a sua atividade de vida e compra com recursos do
seu próprio esforço. Para ele, o carro é um meio de vida, assim ele o vê e o
usufrui. Outra pessoa, bem mais pobre, adquire um bom carro com a intenção de
se sentir melhor do que os outros, mais poderosa, mesmo a duras penas, as
aparências são mantidas.
Neste caso, o carro satisfaz a sua vaidade, o
seu orgulho, nada mais. Onde está o desenvolvimento mais aperfeiçoado da
humildade?
Certamente não é na
posição social em questão. A forma é a visão que se tem do bem, o fundo é a
visão que se tem do indivíduo com base na sua posição social. Um homem rico
pode ser muito mais humilde que um pobre, pois a condição de riqueza e pobreza
é uma condição que deve mesmo ser definida antes da reencarnação, sendo,
portanto, temporária.
A verdadeira humildade
está no espírito e não na condição reencarnatória. O espírito utiliza de todos
os meios possíveis para sua evolução e assim, aliás deve experimentar as mais
diversas formas de condições reencarnatórias, passando inclusive pela
reencarnação em locais de miséria, pobreza, riqueza, diferentes culturas,
raças, credos, na deficiência de meio intelectual, nos meios científicos e
acadêmicos, etc. É dessa forma, que ele evolui mais rapidamente passando por
muitos caminhos, e principalmente, naquele que mais se despreza, que mais odeia
no momento.
Nesse ponto, há a total
desarmonia espiritual e somente através do sentimento real daquela situação,
promove a oportunidade de luz para resgatar o seu equilíbrio pessoal. Por isso,
veremos sempre pessoas de grande humildade vivendo momentaneamente entre os
meios mais ricos, e certamente, aproveitam essa oportunidade com grande
propriedade promovendo a verdadeira caridade, além da material, do seu exemplo
de vida em favor do bem comum.
Por outro lado, veremos também o inverso, a
falta visível de humildade na pobreza, denotando vaidade, orgulho e sem o
mínimo interesse pelo seu semelhante.
Raul Franzolin Neto