Para viver uma existência
plena, é imprescindível que se cultive uma autoconfiança sólida, que seja imune
a qualquer espécie de crítica ou julgamento.
Como alcançar tal estado,
se somos condicionados desde muito cedo, a conceder uma enorme importância ao
julgamento que os outros fazem a nosso respeito?
Obter a aprovação alheia
é, para muitos seres humanos, o foco principal da vida, pois sem isto, são
incapazes de reconhecer em si mesmas qualquer valor.
Desconstruir esse eu
frágil e dependente não é uma tarefa fácil, mas o primeiro passo é ser capaz de
perceber todas as qualidades intrínsecas que se possui. E isto, acreditem,
depende unicamente de uma observação atenta de nós mesmos. Enquanto não
reconhecermos os talentos com que a vida nos presenteou, seguiremos inseguros e
na eterna expectativa de que os outros nos validem.
Comparar-se aos demais é o
maior erro que podemos cometer durante este processo, pois cada ser humano é
único e possui habilidades que são somente suas, portanto, não há porque
considerar-se melhor ou pior do que ninguém, mas apenas diferentes.
Todos, indistintamente,
possuímos um potencial intrínseco para ser desenvolvido de modo pleno. A
existência dá a cada um de nós o mesmo valor, sem qualquer espécie de
distinção.
Portanto, descobrir nossos
tesouros interiores e expressá-los no mundo, só depende do reconhecimento desta
verdade e de um olhar amoroso que cada um deve ter, antes de tudo, para si
mesmo.
"Todos nós nascemos
sem um ego. Quando uma criança nasce, ela é apenas consciência: flutuando,
fluindo, lúcida, inocente, virgem, sem ego. Aos poucos, o ego é criado pelos
outros. O ego é o efeito acumulado das opiniões dos outros sobre você.
Um vizinho chega e diz
"Que criança bonita!", e olha para a criança com um olhar de
apreciação. Então, o ego começa a funcionar. Alguém sorri, uma outra pessoa não
sorri. Algumas vezes a mãe é muito carinhosa, outras vezes está muito zangada.
E a criança vai aprendendo
que não é aceita como ela é. Seu ser não é aceito de forma incondicional: há
condições a serem satisfeitas. Se ela grita e chora e há visitas na casa, sua
mãe se zanga. Se ela grita e chora, mas não há visitas na casa, sua mãe não se
importa.
Se ela não grita, nem
chora, sua mãe a recompensa sempre com beijos amorosos e com carinho. Quando há
visitas, se a criança sabe ficar quieta, em silêncio, sua mãe fica muito feliz
e a recompensa. A criança vai aprendendo as opiniões dos outros sobre si mesma
olhando no espelho dos relacionamentos.
Você não pode ver a sua
face diretamente. Você tem que olhar em um espelho, e no espelho você pode
reconhecer sua face. Esse reflexo se torna sua ideia de sua face, e há milhares
de espelhos a seu redor, todos eles refletindo algo. Alguém o ama, alguém o
odeia, alguém é indiferente.
E então, aos poucos, a
criança cresce e continua acumulando as opiniões de outras pessoas. A essência
total dessas opiniões dos outros constitui o ego. A pessoa começa a olhar para
si mesma da forma como os outros a veem. Começa a se olhar de fora: isso é o
ego.
Se as pessoas gostam dela
e a aplaudem, ela pensa ser bela, estar sendo aceita. Se as pessoas não a
aplaudem e não gostam dela, rejeitando-a, ela se sente condenada. Ela está
continuamente procurando formas e meios para ser apreciada, para ser
repetidamente assegurada de que possui valor, que possui um mérito, um sentido
e um significado.
Então, a pessoa passa a
ter medo de ser ela mesma. É preciso encaixar-se na opinião dos outros. Se você
deixar de lado o ego, subitamente se tornará novamente uma criança. Você não
estará mais preocupado com o que os outros pensam sobre você, não prestará mais
atenção àquilo que os outros dizem de você.
Nesse momento, terá
deixado cair o espelho. Ele não tem mais sentido: a face é sua, então por que
perguntar ao espelho?"
Osho, em "Osho de A a
Z: Um Dicionário Espiritual do Aqui e Agora"
Fonte: www.stum.com.br
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