Qual o papel de fato da
Umbanda na vida das pessoas que frequentam seus rituais e ao mesmo tempo, qual
deve ser a postura de uma pessoa enquanto participante da assistência em um
ritual de Umbanda. Estas duas questões, guardam íntima relação entre si.
A primeira questão tenta
descobrir como as pessoas que participam de assistências de cultos de Umbanda,
vêem esses cultos e a própria Umbanda. O que destes cultos e das vivências
neles apreendidas, elas levam para suas vidas quotidianas? Como essas pessoas
se definem em termos de religião?
É certo que não podemos
generalizar. Assim como em qualquer coletividade, também em uma assistência
estarão presentes pessoas com pensamentos, anseios e posturas diferentes. Mas a
questão que se impõe é se é necessário que essas pessoas tenham um mínimo de
conhecimento do que é a Umbanda e seus cultos. E se realmente precisam enxergar
a Umbanda como religião e até mesmo como a religião delas. Uma premissa muito
importante enunciada pela Umbanda é que não se deve negar ajuda a ninguém.
Assim, partindo deste princípio não podemos cobrar de uma pessoa que se ela frequenta
os cultos de uma casa de Umbanda, ele se declare como Umbandista.
Sabemos que a Umbanda
ainda sofre de muitos preconceitos, e que decorrente disso muitas pessoas que frequentam
cultos de Umbanda têm medo de serem rotulados pejorativamente. Também pela
origem multifacetada da Umbanda e também pela premissa de ajudar a todos, não
podemos e nem devemos proibir a participação de irmãos oriundos de outros
religiões. Por outro lado, podemos considerar que a falta de identificação pode
causar uma falta de compromisso. Por isso talvez, sejam tão comuns as queixas
sobre pessoas da assistência que vão às sessões de Umbanda apenas para “pedir
coisas” mas não honrem as sessões com comportamentos condizentes com os de uma
casa religiosa, ou seja, vestem-se de maneira imprópria, conversam em momentos
inoportunos, entre outras coisas. Algumas pessoas apenas visitam uma casa de
Umbanda quando estão com problemas. Isso significa que não fazem da Umbanda uma
opção religiosa constante. Utilizam as sessões de Umbanda como “fast-food de
consulta”, isto é, quando precisam, vão até lá, pedem o que precisam e vão
embora abandonando o local até que a próxima necessidade os faça regressar.
Outras há que vão apenas
aos dias de festas. Elas podem estar encarando a Umbanda como uma bonita
manifestação da “cultura popular brasileira”, ou seja, uma atração turística ou
ainda “coisa para inglês ver”. Visitam, acham bonito, mas não apreendem o real
significado da religião praticada ali. A outra questão, também de extrema
importância, é o que a participação da assistência contribui para a sessão. Uma
assistência participativa tem o mesmo resultado para uma sessão do que uma
assistência apática? O que é mais interessante para a Umbanda, uma assistência
ignorante sobre os conhecimentos ou uma assistência consciente do que são os
rituais e dos porquês destes rituais. Essas duas questões estão
inter-relacionadas porque que quanto mais as pessoas que compõem uma
assistência estão integradas no culto, mais elas respeitarão este ritual,
participando ativamente dele, entendendo como e porque devem se comportar a
cada momento. Elas entenderão melhor que a religião não se pratica somente
dentro dos templos, mas em todo o lugar. Elas aprenderão que também elas têm a
responsabilidade de fazer a caridade e semear a paz e amor ao próximo.
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