Somos filhos de uma
geração que enfrentou muitos obstáculos para conseguir o que queria. Precisou
passar por diversas situações de privações e isso teve reflexos profundos em
nós. Por conta disso, hoje queremos que nossos filhos tenham o que nós não
tivemos. A pergunta que fica: será que compensando o que nossos pais não
puderam dar para nós estaremos contribuindo de fatos para o crescimento dos
nossos filhos?
Infelizmente, a resposta é
não.
Quando decidimos facilitar
o acesso aos brinquedos, ofertando sempre as últimas novidades tecnológicas,
permitindo que eles recebam, sem se esforçar em nada, um carro, um apartamento,
uma roupa, um tênis, entre outros, estamos lhes ensinando que a vida é fácil,
sem comprometimento, que o que queremos, recebemos e sem precisar conquistar.
Deixamos de exemplificar a
alegria que surge da superação, do ir além, da descoberta, do conquistar algo.
Nossos filhos ficam sem referências de pessoas pioneiras, que acreditavam em
seus sonhos e seguindo seu coração, trilhavam um caminho que levava ao
desacomodar de si mesmo, porém a um imenso crescimento como seres humanos.
A vida que levamos, onde a
compensação prepondera traz consigo vícios como: a preguiça, a cobiça, a
inveja, o sentimento de sempre querer mais e mais e mesmo assim, não estar
satisfeito com o que se tem, o comodismo, a falta de criatividade, a
comparação, o materialismo excessivo, o consumismo, o ter em vez de ser...
Esses vícios refletem em uma vida inteira, gerando adolescentes sem limites,
rebeldes sem causa, compulsivos, teimosos, irritados, mimados, impulsivos,
inconsequentes e vazios.
Já parou para pensar no
que essa criança, agora adolescente se tornará quando se tornar um adulto?
Nós já temos pessoas
adultas em nossa sociedade, que são o reflexo desse modelo de educação: a
compensação. Basta observar para perceber neles características em comuns como:
imaturidade emocional, egocentrismo, arrogância, manipulação, mentiras,
orgulho, inveja, problemas nos relacionamentos, comparação, vivem uma vida não
criada por eles, em um mudo de faz de conta, apenas seguem o fluxo, não aceitam
quando não tem aquilo que gostariam de ter, são endividados, constroem suas
vidas sobre alicerces da vaidade, do poder, usando o conhecimento para se
sobressair, entre outros...
Com o tempo, essas pessoas
terão sérios problemas, como: não ter amigos, divórcio, falência, depressão,
insatisfação na vida, tendências suicidas, alcoolismo, se sentirem levando uma
vida vazia e sem sentido. Quando surgem esses problemas (e outros), é chegado o
momento da pedagogia divina da dor e sofrimento entrar em ação para sacudir a
sua vida, lembrando o que ele veio fazer aqui: evoluir.
Um dos primeiros
aprendizados que surge nesse momento é o da humildade, o de saber pedir ajuda, reconhecer
que a sua forma de agir e lidar com a vida é equivocado. Procurar as pessoas
mais próximas, como familiares, abrir seu coração, pedindo perdão e auxílio é
muito importante. Uma vida desajustada com seu propósito de crescimento tem seu
preço e devemos arcar com nossas escolhas anteriores. Fazer mudanças,
organizar, refletir, buscar ajuda profissional, são dica bacanas.
Se você é pai ou mãe, está
educando seus filhos com base na compensação, repense. Reavalie o que você quer
deixar de aprendizado para seus filhos, que exemplo quer ser. Olhe para dentro
de si mesmo e veja quais são as crenças que carrega consigo que te levam a
buscar compensar em atitudes ou presentes. O que verdadeiramente há oculto
nessa sua necessidade de compensar. Pode ser que primeiro você precise de ajuda
para então ajudar seu filho (a) a evoluir com consciência do seu papel nesta
vida.
Muitas vezes percebo que
os pais estão deixando de ser felizes, de realizar seus sonhos por conta de
acreditar que precisam unicamente ofertar tudo do bom e do melhor para seus
filhos. Trata-se de uma ilusão. A felicidade é um estado de espírito que se
baseia na compreensão e superação das suas inferioridades, na realização
profissional, na melhoria contínua como pessoa, na alegria em viver junto a
simplicidade, conscientes da sua missão aqui.
Um alerta para todos nós:
é preciso ter cuidado com a força do hábito, pois hoje você pode ter
compreendido tudo isso, mas com o passar do tempo, volte a ceder. Nesses casos,
realmente é preciso investigar o que o está levando a se auto boicotar nesse
sentido. Surpreenda-se com as crenças que carregas ao longo desses anos todos
com você. Reformule as regras (todos as temos) da sua vida, porém, lembre-se de
deixar espaço para que o novo possa surgir trazendo novidades.
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