A palavra perdão vem do latim e significa “doar completamente”.
Falar em perdão nos remete à idéia de um relacionamento no qual uma parte sentiu-se ofendida, enganada ou traída pela outra. Entende-se que a parte ofendida perdoou quando ela abandona o sentimento de ódio e o desejo de vingança, agindo como se apagasse a ofensa e retirasse a culpa do ofensor. Perdoar é esquecer, deixando para trás, definitivamente, aquilo de ruim que aconteceu. Perdoar sem esquecer não é perdão verdadeiro. Muitas vezes dizemos ter perdoado, mas não esquecemos o que aconteceu, e cobramos o outro na primeira oportunidade...
Só consegue perdoar quem tem dentro de si a crença verdadeira num tipo de amor fraterno que se compadece das fraquezas humanas e que nos inspira a não querer vingança, a não alimentar ódio ou rancor etc.
Este amor é chamado ágape, e foi a este sentimento que se referiu Jesus, no Sermão da Montanha (“Amai aos vossos inimigos”). Não quer dizer que vamos amar ao inimigo do mesmo jeito que amamos aos nossos amigos e sim, que vamos nos comportar em relação a ele de modo a não revidar a ofensa e nem “fazer justiça com as próprias mãos”.
A palavra ágape é de origem grega e se refere justamente ao amor que nos leva a um comportamento fraterno em relação aos outros, sem esperar nada em troca. Diferente do amor que existe entre casais, por exemplo, quando se espera amar e ser amado―, ou seja, aqui há um sentimento de amor envolvido e uma expectativa de retribuição.
Ágape é uma forma de amor que nos leva a um comportamento em relação ao “inimigo”: nós o enxergamos como irmão, como filho do mesmo Deus que nos criou e criou tudo que existe; percebemos que também podemos falhar com os outros, e isto nos ajuda a perdoar a quem nos feriu; então, escolhemos nos libertar daquele relacionamento negativo, pelo auto perdão, e doando perdão a quem nos feriu, para seguir em frente― sem nos determos nos sentimentos de vingança, sem alimentar o ódio etc. Não significa que vamos amar ao inimigo da mesma forma que amamos àqueles que nos amam e nos fazem bem― porque isto, no mínimo, seria uma grande incoerência e ou um sinal de hipocrisia...
Tal crença faz também com que a pessoa seja capaz de amar e perdoar a si mesma― antes de qualquer coisa, porque é impossível que alguém doe aquilo que não tem... Em primeiro lugar, o ofendido precisa perdoar a si mesmo por ter-se envolvido naquele relacionamento. Compreender que pode ter falhado na escolha do parceiro, iludindo-se a respeito do outro, confiando demais etc. Caso tenha falhado, é importante que se perdoe e prossiga na sua caminhada, curando-se e abrindo-se para novos relacionamentos. Isso equivale a deixar para trás a ofensa, a traição, a mentira, a maldade etc.―não perder mais tempo com planos de vingança, desforra, nem ficar esperando que o outro se retrate. Portanto, e acima de tudo, o perdão nos liberta de uma situação negativa.
Finalmente, ao reconhecer em si mesmo a possibilidade de falhar, automaticamente a pessoa estará a meio caminho de perdoar as faltas dos outros.
Não somos apenas corpo. Somos espírito, mente e corpo. Precisamos nos cuidar em todos esses aspectos.
Libertar nosso espírito de impressões negativas alivia a mente. Com o espírito e a mente aliviados, nosso corpo igualmente se liberta. Esta é a condição desejável para uma vida mais plena e feliz. Hoje, inclusive, há evidências científicas de que muitas doenças são provocadas pela retenção de mágoas, de sentimentos e pensamentos negativos. Então, vamos nos cuidar!
Além disso, melhorando a nós mesmos, também melhoramos o mundo.
Como dizia Gandhi: “Não é preciso entrar para a história para fazer um mundo melhor. Se um único homem atingir a plenitude do amor, neutralizará o ódio de milhões”.
Fernada – Blog Inst,Cultural S.P.
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