Uma questão que se apresenta para todos os seres humanos é o "porquê" do seu destino. Por que alguns são tão afortunados e outros não?
Qual a razão de termos
tantas diferenças de nascimento entre os seres humanos, principalmente a grande
desigualdade dos talentos e das fortunas?
Por que tanta diferença na
vida, onde para uns parece sorrir a sorte e para outros tudo sair errado ?
A resposta para esta
questão, intimamente ligada ao problema da existência da dor e do mal, parece
impossível de ser encontrada pela mente ocidental. Como compatibilizar tanto
sofrimento, tanta injustiça, com a existência de Deus?
Pois bem, a questão do
destino não é tão complicada como se imagina , sua solução escapa dos
pensadores quando estes restringem o seu próprio campo de visão, seja pelas
doutrinas materialistas que professam - doutrinas que nada admitem além da
morte - seja por apegarem-se a antigos dogmas religiosos, para os quais o homem
vive apenas uma vez sobre a terra.
Uma vez que se admita a
pré-existência do espírito, e sua jornada evolutiva através das reencarnações,
o problema se coloca em outro prisma. Nosso destino atual nada mais é do que o
resultado do que fizemos ontem e o nosso dia de amanhã será determinado pelo
nosso modo de agir no agora. A lei de causa e efeito, dando a cada um conforme
suas obras, estabelece o equilíbrio na criação e garante justiça para todos os
seres.
O problema da existência
do mal, também deixa de ser tão impressionante, para se revelar o resultado da
existência em nosso planeta de uma população de espíritos endividados perante a
lei eterna, recapitulando experiências difíceis, que deixaram de aprender pelos
caminhos do bem. O mal, em si mesmo, é apenas o resultado da ausência de bem,
da ignorância, do mesmo modo que as trevas são apenas a ausência de luz e não
um poder antagônico a ela.
Determinando o destino,
além da lei de "Causa e Efeito", há a lei do "Progresso",
que impulsiona todos os seres para a perfeição. Na sua forma mais visível é
esta lei que leva instintivamente todos os seres a buscarem a felicidade e a
libertação do sofrimento. Nesta busca incessante desenvolvem suas capacidades e
progridem.
Assim, o destino do homem
é construído por ele mesmo. Da mesma forma o destino das sociedades é o
resultado das ações coletivas de seus membros. A história, em essência, é o
registro das causas e efeitos provocados ao longo do tempo pelo esforço das
coletividades humanas em busca do progresso.
Como nem sempre o
progresso intelectual é feito ao mesmo tempo que o moral, as circunstâncias
variam enormemente na história dos povos.
Grandes progressos intelectuais podem
ser seguidos de grandes catástrofes morais.
Outras vezes séculos de
penúria material trazem grandes progressos morais. A trama do destino é
complexa e seu conjunto completo escapa da nossa visão restrita. Presos ao
plano material perdemos a visão dos atos intermediários que se passam no plano
espiritual e não temos a capacidade de abranger em nossa análise todos os
milênios de aprendizado que cada um de nós tem por detrás de si.
A filosofia Espírita
respondendo ao problema do destino, coloca diante do homem a responsabilidade
de mudá-lo. Se nós mesmos fazemos nosso destino, é a nós que cabe criar o mundo
melhor do amanhã. Ao espírita não basta apenas o conhecimento, é imprescindível
a vivência desse conhecimento.
(Publicado no Boletim GEAE
Número 451 de 11 de março de 2003 )
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