Ao chegarmos em um Templo
de Umbanda, lugar sagrado onde a Espiritualidade se manifesta para bem e
fielmente cumprir o que lhe é designado pelo Pai Maior (Tupã, Zambi, Olorum,
Deus, Allah), via de regra observamos na posição frontal posterior do salão de
trabalhos mediúnico-espirituais um ou mais objetos litúrgicos (cruz, imagens,
símbolos, velas etc.), dispostos de modo bem visível e que despertam a atenção
dos que ali se fazem presentes.
A este espaço
especificamente destinado a recepcionar um conjunto de peças
litúrgico-magísticas, afixadas sobre certas bases, na Umbanda nominamos de
Congá (Jacutá - Altar).
Um grande número de
pessoas pertencentes a outros segmentos religiosos ou seitas, não conhecendo os
fundamentos através dos quais a Umbanda se movimenta, o definem como sendo um
local de idolatria e fetiches desnecessários. Já uma parte da coletividade
umbandista, mais preocupada com a forma de apresentação do que com a essência,
também não têm noção do quão importante é o Congá para as atividades do
Terreiro, notadamente em seus aspectos Esotéricos e Exotéricos.
Não queremos dizer com a
citação de tais palavras que exista Umbanda Exotérica e Umbanda Esotérica.
Umbanda é Umbanda e só, sem os designativos que infelizmente estamos
acostumados a ouvir, produto da vaidade e do modismo de alguns. O que existem
sim é esoterismo e esoterismo dentro da ritualística umbandista, e isto é
notório para aqueles que observam com atenção os trabalhos de terreiro.
Feitas estas considerações
preliminares, comecemos por esclarecer que, embora os dois termos retro citados
(Exotérico - Esotérico) sejam pronunciadas da mesma forma (homofonia -mesma
sonorização), ambas possuem significados apostos, diferentes.
Diz-se esotérico (Eso =
Interno, velado, oculto) a todo o objeto, fato, ato, informação ou
procedimento, cuja significação somente é acessível a uma plêiade de pessoas,
que por outorga espiritual e/ou sacerdotal alcançaram tal conhecimento. Sua
publicidade é velada, pelo menos a priori.
Conceitua-se esotérico
(Exo = Externo, aberto) a todo o objeto, fato, ato, informação ou procedimento,
cuja significação é de conhecimento geral, alcançando a todos, de forma
ostensiva, pública, vale dizer, sem nenhuma restrição quanto a sua razão de
ser.
A nível esotérico, o Congá
funciona como ponto de referência ou lugar de intermediação ou fixação
psíquica, para o qual são direcionadas ondas mentais na forma de preces,
rogativas, agradecimentos, meditações etc.
É sabido que as
instituições umbandistas recebem pessoas dos mais diferentes degraus
evolucionais, umas dispensando instrumentos materiais para elevarem seus
pensamentos ao plano invisível, e outras tantas, a maioria, necessitando de
elos tangíveis de ligação para concentração, afloramento, e direcionamento do
teor mental das mesmas.
No quesito
Sugestibilidade, o Congá, por sua arrumação, beleza, luminosidade, vibração
etc., estimula médiuns e assistentes a elevarem seu padrão vibratório e a serem
envolvidas por feixes cristalinos de paz, amor, caridade e fraternidade,
emanados pela Espiritualidade Superior atuante.
Também é através do Congá
que muitas pessoas que adentram pela primeira vez em um templo umbandista
conseguem identificar de pronto quais forças que coordenam os trabalhos
realizados. Para os não-umbandistas, como é saudável e balsâmico visualizar uma
imagem representativa de Jesus, posicionada em destaque, como que os convidando
a fazerem parte desta grande obra de caridade que é a Umbanda.
Sim amigos leitores, a
Umbanda é uma religião inteligentemente estruturada pela Divina
Espiritualidade. Enquanto algumas religiões vaidosamente insistem em ficar em
seus pedestais, fazendo apologias e proselitismos em causa própria, ora se
intitulando como sendo o consolador prometido, ora como a única igreja de Deus,
sem se importarem com os diferentes níveis de consciências encarnadas, a
Umbanda, assim como Jesus, se integra as multidões, acolhendo a todos, sem
distinção alguma, sem catequizar ou bitolar doutrinariamente ninguém. Religião
é isto: é atender a todas as classes sociais, econômicas, religiosas, étnicas e
conscienciais, atingindo-as, amparando-as e respeitando as diversas faixas
espírito-evolutivas. (continua na
página seguinte ...)
Passemos a falar do
aspecto esotérico do Congá. E o faremos de maneira parcial, uma vez que não é
nossa finalidade "pescar" para ninguém, mas tão somente estimular o
estudo e uma maior habitualidade de raciocínio no que diz respeito a temas de
fundamento dentro da Umbanda, a fim de termos médiuns mais bem preparados e
aptos a dignificarem nossa sagrada religião.
Imaginem uma Usina de
Força. Assim é o Templo Umbandista. Agora imaginem esta usina com três ou mais
núcleos de força, cada qual com uma ou mais funções neste espaço de caridade.
Pois bem, o Congá é um
destes núcleos de força, em atividade
constante, agindo como centro atrator, condensador, escoador, expansor,
transformador e alimentador dos mais diferentes tipos e níveis de energia e
magnetismo.
É Atrator porque atrai
para si todas as variedades de pensamentos que pairam sobre o terreiro, numa
contínua atividade magneto atratora de recepção de ondas ou feixes mentais,
quer positivos ou negativos.
É Condensador, na medida
em que tais ondas ou feixes mentais vão se aglutinando ao seu redor, num
complexo influxo de cargas positivas e negativas, produto da psicoesfera dos
presentes.
É Escoador, na proporção
em que, funcionando como verdadeiro fio-terra (para raio), comprime miasmas e
cargas magneto-negativas e as descarrega para a Mãe-Terra, num potente efluxo
eletromagnético.
É Expansor pois que,
condensando as ondas ou feixes de pensamentos positivos emanados pelo corpo
mediúnico e assistência, os potencializa e devolve para os presentes, num
complexo e eficaz fluxo e refluxo de eletro magnetismo positivo.
É Transformador no sentido
de que, em alguns casos e sob determinados limites, funciona como um reciclador
de lixo astral, condensando-os, depurando-os e os vertendo, já reciclados, ao
ambiente de caridade.
É Alimentador, pelo fato
de ser um dos pontos do terreiro a receberem continuamente uma variedade de
fluidos astrais, que além de auxiliarem na sustentação da egrégora da Casa,
serão o combustível principal para as atividades do Congá (Núcleo de Força).
Não, irmãos umbandistas, o
Congá não é mero enfeite; tão pouco se constitui num aglomerado de símbolos
afixados de forma aleatória, atendendo a vaidade de uns e o devaneio de outros.
Congá dentro dos Templos Umbandistas sérios tem fundamento, tem sua razão de
ser, pois que pautado em bases e diretrizes sólidas, lógicas, racionais,
magísticas, sob a supervisão dos mentores de Aruanda.
Saravá Umbanda !!!
(Jornal Umbanda Hoje)