“Aprender a viver e a
morrer, essa é a grande missão que cada homem deve ser capaz de cumprir, na
mais profunda solidão.
As flores, as árvores, os
animais, os homens e mesmo as estrelas nascem, vivem e morrem. Apenas nós, os
homens, deixamo-nos atormentar por esse mar misterioso onde deságuam todos os
rios da vida.
Dois mil anos atrás, Lucio
Aneu Sêneca nos ensinou: “Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais
que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer”.
Aprender a viver e a
morrer, essa é a grande missão que cada homem deve ser capaz de cumprir, na
mais profunda solidão, exatamente naquela solidão insuperável que nos torna
únicos.
Vida e morte, dentro de
cada um de nós. Todo o tempo, nascem e morrem ilusões, sentimentos,
descobertas, crenças, agonias. Impossível vida interior sem morte interior.
Viver é morrer. Morrer,
todos os dias um pouco, é viver. Essa infindável sucessão dialética de morte e
vida, sempre presente dentro de nós, alarga nossa compreensão da vida e de seu
fim.
Aquele que não se
desencanta é porque nunca se encantou. O conhecido morre diante do
desconhecido. O canto dos pássaros mata o silêncio. O saber é a morte da
ignorância. Impossível viver a magia sem deixar de viver o real.
Sem paixão, sem vontade,
para que serve a razão? Nossos desequilíbrios são sempre provocados pela morte
temporária de uma dessas três senhoras.
A noite, o sono e o
descanso são uma espécie de morte diária, assim como o dia e o despertar
anunciam o fim do repouso.
Alguém já disse: “Não se
vive sem respirar, mas não se vive apenas para respirar”. Viver como as plantas
ou os animais é pouco.
O humano é exatamente
aquilo que escapa das leis da Física, da Química, da Biologia e mesmo da
Economia. O humano é a consciência do universo que nasce, cresce, vive e ao
silêncio do mistério retorna.
É triste o espetáculo
encenado pelos mortos-vivos (zumbis?), incapazes de sonhar e dar vida ao humano
por medo da morte.
Não sabem os tolos, que
imaginam se preservar, que é impossível a vida sem a morte, que o medo em
excesso impossibilita o pleno viver.
Unir o sentir, o pensar e
o fazer. Amar as grandes perguntas é grande prazer para o homem, mas se
constitui em verdadeiro tormento para os homens zumbis. Burocratas do
impossível de ser normatizado, oportunistas sem ideal. Respiram para viver e
tristemente vivem para respirar.
João Guimarães Rosa
descreve muito bem o homem de alma pequena: “Ali tinha carrapato...que é que
chupavam, para seu miudinho viver?”.
Fernando Pessoa mostra o
caminho para a autoconstrução do humano: “Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
mas nele é que espelhou o céu”.
Morte ou vida, em vida!
Opção de cada um?
BLOG ESPIRITUALIZANDOCOMAUMBANDA
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