segunda-feira, 1 de setembro de 2014

PRÁTICA DA CARIDADE



Quando falamos em caridade o que vem em nossas mentes é o gesto mecânico e descomprometido de alguém dando esmolas, comida, ou qualquer outra coisa material a um irmão menos afortunado e o pior, sentindo-se como se houvesse dado a maior contribuição a humanidade, sendo capaz de se achar digno de méritos na espiritualidade, como muitos dizem, merecedores da salvação.

Este tipo de pensamento me dá calafrios! Parece que assim fazendo estaremos quites com nossa condição de cristãos umbandistas, pois afinal, foi o Cristo que em sua caminhada sobre a superfície terrestre nos ensinou a repartir o pão. Se levarmos realmente isso ao pé da letra, sem nos lembrar de que muitas outras coisas foram feitas por Ele no sentido de uma caridade mais humana, de maior alcance e sensibilidade fraternal, estaríamos cumprindo com a nossa enganosa missão de sermos caridosos com quem não possui nem o mínimo para sua sobrevivência, de forma tão simples, sem a representação do que realmente é a caridade em sua essência em seus fundamentos principais, totalmente fora dos propósitos do próprio Cristo.

O que precisamos analisar em primeira instância é o real significado da caridade. Ela é muito mais abrangente e de conteúdo muito maior, que pode ser aplicado, na verdade praticado em diferentes situações, vejamos em alguns poucos exemplos, mas suficiente para dar noção do que estamos querendo passar:

1-Quando estou em casa, lendo um livro ou navegando pela Internet e nos aparece um familiar mais idoso, um avó ou mesmo um de nossos pais e inicia uma conversa sobre alguma coisa que para ele parece importante. O que fazemos? Damos atenção? Somos pacientes? Nos colocamos a disposição para ouvi-los? Somos carinhosos? O ajudamos se necessário? Não, simplesmente dizemos que estamos ocupados no momento e depois falaremos com ele;

2-Quando estou caminhando pela rua e me deparo com alguém em dificuldade, necessitando de uma informação ou mesmo passando mal, o que fazemos? Dizemos a nós mesmos que alguém fará o socorro, pois estamos com pressa ou muito ocupados para dar atenção ou socorrê-lo em seu problema;

3-Se Dirigente Espiritual pede auxilio para um mutirão em nosso Templo o que eu digo? Que tenho outros compromissos assumidos anteriormente e não posso comparecer. Pois sei que outros estarão lá e me acomodo em minha pequenez;

O que quero dizer com esses exemplos é que a caridade é muito mais que um estado de espírito, é um conceito, uma prática que deve estar dentro de cada um, um valor que vai muito além do dar algo material! É estar naturalmente e espontaneamente atento e à disposição para tudo àquilo que aparecer em minha jornada, que ao fazer, me trará alegria e satisfação em ter recebido a oportunidade de poder servir da forma que a caridade em sua verdadeira prática exige.

Devemos ter em mente que é certa a possibilidade de estarmos em pelo menos duas das situações e condições que citei acima, e quando chegar a nossa vez, vamos poder nos lembrar que, se agimos da forma que gostaríamos que agissem conosco e caso não tenhamos agido, não teremos do que reclamar ou nos lamentar, estaremos recebendo simplesmente o que é de nosso merecimento.


A Umbanda é servidão! É estar sempre pronto para o trabalho! Mas essa vontade deve vir despida de qualquer interesse ou vantagem que possa macular minha alma. A doação tem que ser completa, com o coração, a mente e o espírito. Isso é caridade! Ela começa na nossa família de carne onde muitas vezes e na maioria das vezes é tão difícil a convivência e a harmonia, e se estende pela minha família de fé, pelo trabalho, pelo meu grupo de amigos, pela sociedade, a cidade onde vivo, as pessoas que desconheço, com as quais convivo e comigo mesmo. Onde houver a chance de exercer a caridade é lá que deve haver um Umbandista. É para isso que viemos! É por isso que abraçamos essa religião! É repartir o pão, mas também repartir a lição, repartir o sorriso, a força do abraço, do suor, da paciência e tolerância, da necessidade que for!















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