sábado, 20 de abril de 2013

O EDUCADOR E O JOVEM




"Há uma reação muito comum entre os adultos para com a juventude: é um desprezo autoritário, que se revela em frases como: "ele não sabe nada da vida", "é ainda um moleque", " ainda tem muito o que aprender". Essa falta de respeito para com a dignidade do jovem, que é também um ser humano, com direito a ter opiniões próprias, e que tem idade espiritual que não corresponde necessariamente à do corpo, revela no fundo grande despeito.

Muita gente, já às portas da velhice, sente irresistível inveja da mocidade. Não se conformam de já terem perdido a sua, não se desapegam de certos prazeres e desejos, que já deveriam ter sublimado a certa altura da existência e sentem raiva cega daqueles que podem usufruí-los. Sua visão da mocidade é distorcida; trata-se para eles de um período de aproveitar a vida, atirando-se sofregamente a toda espécie de futilidades e prazeres, sem qualquer noção de responsabilidades".

Tal consideração que a educadora Dora Incontri faz em sua obra "A Educação Segundo o Espiritismo", demonstra que a grande maioria dos adultos ignora a real importância da fase juvenil para o Espírito. Aliás, provavelmente, esquecem-se que aquele ser humano só é jovem na aparência física, pois sendo Espírito imortal é multimilenar.
Muitas vezes tem uma sabedoria muito maior sobre a Vida do que aqueles que se encontram na fase adulta, traz agasalhado na acústica da alma noções de responsabilidade e dever, que muitos não conseguirão adquirir nem mesmo no final da existência atual e na consciência já possui diretrizes morais que servirão de parâmetros para toda uma jornada de realizações no Bem.

Esse é o período em que o Espírito exercitará a vontade em busca da autonomia. A necessidade de estabelecer uma identidade sobre ideais próprios e um senso único de si são os mais importantes. O maior desestímulo que uma pessoa pode fazer a um jovem será o ridículo. Isso se consegue, muitas vezes, com o simples pronunciar de frases como aquelas no começo do texto. Quando o jovem se sente ridicularizado sua auto-estima fica abalada. Pode provocar um comportamento de rebeldia, podendo também aparece o sarcasmo e o cinismo.

Há ainda no final desse período o reconhecimento maduro da capacidade de pensar por si mesmo. Eis porque o jovem deve ser convidado a pensar, raciocinar e refletir sobre a Vida nos seus mais diversos aspectos, demonstrando-lhe que ele é o mais importante, o mais responsável e o maior herdeiro dela.

É importante a compreensão de que aquele Espírito que ora encontra-se manifestando em um corpo jovem é alguém que possui dentro de si, adquiridas ao longo das reencarnações, experiências das mais variadas :vitórias e derrotas, êxitos e frustrações, sentimentos felizes e infelizes, virtudes e vícios, alegrias e decepções, entre outras coisas. Respeitá-lo (opiniões, idéias, jeito de se vestir...) e propiciar um ambiente saudável (acolhedor, alegre, dinâmico...) para que possa se manifestar e ser estimulado a renovar os sentimentos que lhe traz dissabores é um dos objetivos da Mocidade Espírita, possibilitando a ele a sua identificação como Ser imortal que é.

No entanto, para que tal fato ocorra é necessário que o evangelizador se encontre sinceramente interessado em trabalhar consigo – é preciso ter humildade, alegria, ideais e motivações nobres...- para que possibilite ao jovem desenvolver-se e expressar-se, não sendo ele (o evangelizador) uma figura repressora e autoritária, copiando, assim, estruturas que são encontradas pelos jovens no seio familiar, na escola, no trabalho e em tantos outros lugares.











Hérin Andréas
Incontri, Dora –A Educação Segundo o Espiritismo –1º Edição, págs 56 e 57.

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