“A paixão propriamente dita é o exagero de uma
necessidade ou de um sentimento e esse exagero se torna mau quando tem por
conseqüência algum mal”.
Por que isso acontece?
É uma reminiscência da
natureza animal que ainda predomina no homem.
Agir sob o império e
domínio de um estado passional é agir cega e descontroladamente o que conduz a
tormentos inimagináveis, escravizando, dilacerando os sentimentos mais nobres,
Nesse aspecto veremos:
o homem apaixonado pela
bebida, abandona o trabalho, as aspirações nobres, bebe mais e mais, mantém-se
caído, passa o tempo, a vida semi-hebetado.
o apaixonado pelo jogo,
noites e dias a frente de cartas, dados, roletas, galos, cavalos, etc. sem
perceber o mundo, sem notar familiares, lar, amizades, amor.
o apaixonado pelo
dinheiro, priva-se até do mínimo necessário para ter mais, guardar e amontoar
mais.
Vivem enfim, em função do
objeto da sua paixão, sofrendo horrivelmente, caso perceba algum empecilho que
atrapalhe, interfira nas buscas desenfreadas. É um estado mórbido, onde a
satisfação, a plenitude, o estar bem nunca é alcançado.
Paixão não se satisfaz -
quer, exige, necessita - usa de todos os meios e nunca se plenifica, se sente
alimentada.
No momento atual apresenta
como o grande desafio, inimigo mesmo desse homem que se embrutece, nada se
permitindo ver, perceber, além do círculo fechado em que a sua paixão o retém.
E no entanto, que
paradoxo! O princípio da paixão é natural, necessário, uma vez que usado na sua
real função e objetivo, conduz o homem, a humanidade a grandes realizações.
Incentiva, dá colorido, luz, vibração, estímulo para prosseguir.
Funcionam aí como
alavancas que decuplicam as forças desse homem que cumpre assim, nesse crescer,
os desígnios da Providência.
Nesse aspecto, necessário despertar
também aí para dirigi-las pela razão, na vontade disciplinada, nos objetivos
elevados. Transformar-se-á então em força motriz que colore a vida em elevação
e beleza.
Nos dois casos é ela
comparada a cavalo que marcha por estrada ladeada por barrancos e precipícios.
O animal trotará bem, se
contido pelo freio, guiado pelas rédeas de cavaleiro firme e experiente,
percebe-se dirigido. Se porém, não achar essa condição, como os freios nos
dentes, desabalará em corrida, deixará a estrada e, sem dúvida, sobrevirá o
desastre, a fuga dos objetivos, cansada pela incapacidade de direção e governo
daquele que monta.
Se as coerências da razão
não indicarem limites, objetivos justos, maiores, ideais, crescimento,
superação, teremos o Homem fraco, que dominado perde os próprios limites, na
indignidade das ações que passa a realizar e viver, prejudicando tantos quantos
com quem convive. agregando em si, os desequilíbrios que semeia.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro
dos Espíritos - q. 908
(Jornal Verdade e Luz Nº
192 Janeiro de 2002)
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